Record (Portugal)

Harry Kane: marcar e marcar para nada ganhar

- Filipe Alexandre Dias Editor executivo

Não foi o primeiro. Foi um de muitos. Provavelme­nte não será o último. Foi assim com craques com Chris Waddle, Sol Campbell, Teddy Sheringham, Berbatov, Michael Carrick, Luka Modric, Kyle Walker. E agora é com ele. Com Harry Kane. Tal como todos estes seus antecessor­es, o ‘ubergolead­or’ inglês não teve outra escolha senão a de deixar o amaldiçoad­o Tottenham para ganhar títulos. E títulos à séria. Tal como alguns dos nomes acima citados, ele é um ‘spur’ genuíno, um talento feito em casa que foi um raio de esperança para um emblema londrino que não levanta taças desde 2008, mas a venda foi a saída já há muito adiada para o ponta-de-lança e o Bayern Munique parecia um porto seguro, uma garantia dos títulos que lhe faltam. Mas o contexto atual dos bávaros está a contar outra história. E Harry Kane e a sua legião de admiradore­s não querem acreditar no que estão a ver. Mesmo com tanto golo do internacio­nal inglês à mistura...

E isto porquê? Porque o ‘ubercampeã­o’ nacional alemão nunca esteve tão perto de ver interrompi­do o seu reinado na Bundesliga, prova que arrecadou ‘só’ nas últimas 11 edições. A viverem uma temporada atípica, pese a inesgotáve­l fonte de golos que Kane continua a ser (é melhor artilheiro-mor da liga germânica e, em toda a temporada, já leva 30 (!) golos em 25 encontros), os bávaros já estão fora da Taça da Alemanha, perderam a Supertaça (na estreia de ‘Dirty Harry’...) e embora ainda se mantenham de pé na Liga dos Campeões – para onde seguiram rumo aos ‘quartos’ montados nos golos do ‘bombardeir­o’ inglês – a realidade no campeonato alemão é nua e crua: a equipa de Thomas Tuchel está em segundo posto, mas a dez pontos de um Bayer Leverkusen que parece finalmente lançado para a sua primeira conquista da liga após famosas tentativas falhadas.

Não deixou de causar risos o facto de este ano o ‘Kicker-Torjägerka­none’, prémio entregue ao melhor marcador da Bundesliga, ter a forma de um canhão... símbolo do Arsenal, o arquirriva­l e némesis do Tottenham. O galardão já é visto pelos mais pessimista­s – cada vez mais os realistas... –, como o único título que Harry Kane irá vencer em 2023/24.

As esperanças estão cada vez mais depositada­s na campanha do Bayern na Liga dos Campeões, embora aí as perspetiva­s não sejam famosas. Ao contrário de anos anteriores, a estabilida­de do lendário clube germânico foi abalada por convulsões internas. As feridas foram expostas em conflitos tornados públicos, o último dos quais a discussão acesa entre o médio Kimmich e o treinador-adjunto Zsolt Löw. Aliás, a sentença do atual corpo técnico liderado por Thomas Tuchel já está lida: é para sair no final da temporada. Ou seja, Kane foi apanhar no Bayern um ambiente... à Tottenham.

Um goleador incansável com vários recordes no bolso nunca se completa sem títulos e a verdade é que Harry Kane marca golos em cima de mais e mais golos... e pode mesmo arriscar-se a continuar sem ganhar nada. *

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