Record (Portugal)

A 11 metros dos quartos

- Nuno Encarnação Gestor

A eliminatór­ia contra o Arsenal deixa dois tipos de sabores na boca.

Um sabor de orgulho de uma equipa que soube bater-se de igual para igual contra um gigante do futebol europeu (não comparável aos Young Boys, Atalantas, Toulouses e Rangers da vida), mas, por outro lado, um sabor de frustração por não termos um bocadinho mais de qualidade na frente de ataque, que nos resolveria em definitivo qualquer eliminatór­ia.

Num exercício simples, e se não tivéssemos errado tanto nas contrataçõ­es (Carmo, Veron ou Navarro, a título de exemplo), teríamos aqui cerca de 40 M€ de investimen­to que dariam para ter comprado dois “Gyökeres”.

Falta a este Porto qualidade na finalizaçã­o. Falta um matador.

Conceição conseguiu

construir uma equipa, um onze, com uma qualidade posicional em campo como há muito não se via. Os dois jogos contra o Arsenal provam isso mesmo.

O treinador, ao perceber a superiorid­ade do plantel do adversário, soube ser humilde e preparou a equipa para dois jogos que o Arsenal jamais pensaria ter.

O Porto posicionou-se em campo com uma qualidade tal, que raramente permitia linhas de passe ao adversário. O Porto temporizav­a jogo, defendia com calma e tranquilid­ade, quebrando assim o ritmo frenético de jogo com que geralmente as equipas inglesas gostam de jogar.

Mas ao comportar-se

como uma mosca tsé-tsé ante o Arsenal, de quando em vez preparava um ataque perigoso, relembrand­o à equipa londrina que do outro lado do campo poderia ter gente que fizesse mal à sua baliza.

Com esta atitude, o Arsenal ganhou respeito ao Porto. Nesta segunda mão, o respeito foi de tal ordem que o Arsenal não correu riscos, recusava-se a acelerar o jogo e interpreto­u a segunda partida como um verdadeiro desafio de xadrez de elite.

De um lado e do outro, as peças moviam-se com uma lógica quase matemática. Cada movimento visava um xeque-mate que nunca chegou. Em 210 minutos de jogo, as equipas equivalera­m-se.

CONCEIÇÃO PREPAROU A EQUIPA PARA DOIS JOGOS QUE O ARSENAL JAMAIS PENSARIA TER

Os adeptos londrinos suaram, deitaram as mãos à cabeça e ficaram sem voz ao ver a sua equipa sem soluções, contra um Porto cheio de personalid­ade e com uma presença sem medo no seu estádio.

Não podemos exigir mais a estes nossos bravos jogadores e a Sérgio Conceição. Por pouco conseguíam­os um Brexit, uma saída da Europa, a este Arsenal.

A última esperança chamava-se Diogo Costa, mas defender os mísseis de Rice ou de Saka, da marca dos onze metros, era tarefa difícil para o nosso enorme guarda redes, que tantas vezes fez o papel de líbero com tamanha qualidade.

Este Porto deveria ter presença perpétua na Champions pela qualidade que dá a esta competição.

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