A 11 metros dos quartos
A eliminatória contra o Arsenal deixa dois tipos de sabores na boca.
Um sabor de orgulho de uma equipa que soube bater-se de igual para igual contra um gigante do futebol europeu (não comparável aos Young Boys, Atalantas, Toulouses e Rangers da vida), mas, por outro lado, um sabor de frustração por não termos um bocadinho mais de qualidade na frente de ataque, que nos resolveria em definitivo qualquer eliminatória.
Num exercício simples, e se não tivéssemos errado tanto nas contratações (Carmo, Veron ou Navarro, a título de exemplo), teríamos aqui cerca de 40 M€ de investimento que dariam para ter comprado dois “Gyökeres”.
Falta a este Porto qualidade na finalização. Falta um matador.
Conceição conseguiu
construir uma equipa, um onze, com uma qualidade posicional em campo como há muito não se via. Os dois jogos contra o Arsenal provam isso mesmo.
O treinador, ao perceber a superioridade do plantel do adversário, soube ser humilde e preparou a equipa para dois jogos que o Arsenal jamais pensaria ter.
O Porto posicionou-se em campo com uma qualidade tal, que raramente permitia linhas de passe ao adversário. O Porto temporizava jogo, defendia com calma e tranquilidade, quebrando assim o ritmo frenético de jogo com que geralmente as equipas inglesas gostam de jogar.
Mas ao comportar-se
como uma mosca tsé-tsé ante o Arsenal, de quando em vez preparava um ataque perigoso, relembrando à equipa londrina que do outro lado do campo poderia ter gente que fizesse mal à sua baliza.
Com esta atitude, o Arsenal ganhou respeito ao Porto. Nesta segunda mão, o respeito foi de tal ordem que o Arsenal não correu riscos, recusava-se a acelerar o jogo e interpretou a segunda partida como um verdadeiro desafio de xadrez de elite.
De um lado e do outro, as peças moviam-se com uma lógica quase matemática. Cada movimento visava um xeque-mate que nunca chegou. Em 210 minutos de jogo, as equipas equivaleram-se.
CONCEIÇÃO PREPAROU A EQUIPA PARA DOIS JOGOS QUE O ARSENAL JAMAIS PENSARIA TER
Os adeptos londrinos suaram, deitaram as mãos à cabeça e ficaram sem voz ao ver a sua equipa sem soluções, contra um Porto cheio de personalidade e com uma presença sem medo no seu estádio.
Não podemos exigir mais a estes nossos bravos jogadores e a Sérgio Conceição. Por pouco conseguíamos um Brexit, uma saída da Europa, a este Arsenal.
A última esperança chamava-se Diogo Costa, mas defender os mísseis de Rice ou de Saka, da marca dos onze metros, era tarefa difícil para o nosso enorme guarda redes, que tantas vezes fez o papel de líbero com tamanha qualidade.
Este Porto deveria ter presença perpétua na Champions pela qualidade que dá a esta competição.