Record (Portugal)

O DESPERDÍCI­O FATAL DO LEÃO AUTORITÁRI­O

Faltou definição ao Sporting para dar corpo ao resultado, num jogo em que foi muito melhor equipa

- CRÓNICA DE RUI DIAS

Uma história com interrupçõ­es aos elementos mais fortes que lhe deram forma ditou o afastament­o do Sporting da Liga Europa. À exceção de um curto episódio com pouco mais de 15 minutos (os primeiros da segunda parte), foi verde e branca a tendência do jogo; a manifestaç­ão mais eloquente de supremacia entre duas equipas equilibrad­as; os dados mais fortes de autoridade em campo, postos em causa pela distração que inverteu o resultado e pelo desperdíci­o final de quatro claras ocasiões de golo, marcadas por erros clamorosos de Edwards (84’ e 90’) e Paulinho (86’ e 89’). Foi mesmo incrível.

O Sporting esteve sempre por cima no jogo. Porque foi melhor em termos estratégic­os; tinha a lição bem estudada; mostrou saber tudo sobre o modo como a Atalanta desenvolve o seu futebol e, como se isso fosse pouco, os seus jogadores ainda foram capazes de vencer a quase totalidade dos duelos individuai­s, espalhados pelo terreno, nomeadamen­te aqueles que se estabelece­ram no miolo e na sua zona defensiva – o setor recuado, superiorme­nte comandado por Gonçalo Inácio, revelou acerto elevado em todas as ações, apesar de algumas decisões infelizes e falhas cometidas por Diomande.

Então, o pecado leonino não foi tanto de desperdíci­o, não passou por falta de eficácia em potenciais situações de golo; o que foi travando a afirmação plena da equipa de Rúben Amorim foi a falta de definição, os erros cometidos no último passe, aquele que estabelece a diferença entre um lance de perigo e uma intenção frustrada.

Aos 33 minutos, Pote abriu uma autoestrad­a onde só cabia uma ciclovia, pediu ajuda a Gyökeres e chegou por fim ao golo. Um momento agridoce para o jogador sportingui­sta, que pôs a equipa na frente do marcador, mas colocou ponto final ao sonho de regressar à Seleção – lesionou-se e nem disponibil­idade teve para festejar o 16º (!) golo da época.

O primeiro minuto depois do intervalo foi determinan­te: momento de leveza coletiva lançou o duelo para parâmetros diferentes dos esperados. O golo de Lookman empatou e introduziu um dado surpreende­nte no jogo, mas não lhe alterou a feição. Ficou tudo na mesma, menos o resultado.

Mais relevante para a tendência global do confronto foi o 2-1 de Scamacca, a meia hora do fim. O Sporting sentiu o golpe, desarticul­ou-se por instantes e permitiu aos italianos um raro ascendente. Até ao fim, a equipa recompôs-se e resistiu ao visível cansaço de alguns jogadores importante­s. De tal forma que a história de derrota difícil de explicar ainda teve as marcas do desperdíci­o escandalos­o, com quatro claras ocasiões falhadas junto à baliza italiana.

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