Record (Portugal)

Dos indecisos não reza a história

NÃO SÃO POUCAS AS RAZÕES QUE FIZERAM A EQUIPA DE SÉRGIO CONCEIÇÃO BRILHAR A GRANDE ALTURA, NUM DOS PALCOS MAIORES DO DESPORTO-REI. MAIS UMA VEZ A CONSOLIDAR O IMENSO RESPEITO QUE OS DRAGÕES SUSCITAM NA EUROPA DO FUTEBOL

- Eduardo Dâmaso Diretor Geral Editorial Adjunto do CM/CMTV

çO FC Porto caiu na Champions mas não são poucas as razões que fizeram a equipa de Sérgio Conceição brilhar a grande altura, num dos palcos maiores do desporto-rei. Mais uma vez a consolidar o imenso respeito que os dragões suscitam na Europa do futebol.

A tática, a atitude, o futebol praticado,

o talento dos jogadores, um colectivo sólido, solidário, guerreiro, trabalhado­r, tudo convergiu para uma exibição, coroada por um Pepe majestátic­o, a que apenas faltou o golo. Apenas faltou que a lotaria dos penáltis tivesse caído para o lado azul.

A exibição da equipa de Sérgio Conceição é a prova

de que, no futebol, dos indecisos não reza a história. Os indecisos que se apresentam nos palcos europeus sem saber se atacam se defendem, se rematam à baliza se centram, se aguentam o jogo a meio-campo à espera de uma oportunida­de ou empurram o adversário para a sua área.

O Porto perdeu mas não foi pela indecisão

do modelo de jogo nem pela crença dos jogadores que a vitória era possível, perante um dos maiores tubarões da Premier League. O Porto perdeu, sim, desde logo num combate desigual entre orçamentos, mas deixou toda a gen- te curvada perante a sua imensa categoria.

E depois temos Pepe.

O internacio­nal português joga, aos 41 anos, com a classe de sempre. A experiênci­a, a sabedoria de saber posicionar-se no terreno, a fi- bra de um guerreiro sempre dis- ponível para o combate. Quando abandonar deixará um vazio difícil de preencher, tanto no FC Porto como na selecção.

Pepe, diga-se, tem sido exemplar

no campo e na forma como abraçou o desafio da Selecção portuguesa, mostrando uma clara adesão aos valores necessário­s para que todos percebesse­m como sentia a camisola das quinas.

O central luso-brasileiro, em grande medida, inaugurou

um tempo, com Deco, que mostra as potenciali­dades dessa imen- sa relação entre Portugal e o Brasil no campo do futebol e que deve ser explorado, na selecção, sem preconceit­os.

Portugal não deve ter hesitações em ampliar

o seu campo de recrutamen­to, tal como a França e a Alemanha fazem há décadas. Se esse planeament­o e ‘scouting’ fossem já rotineiros, se não fosse a maldita indecisão reinante na matéria, provavelme­nte Galeno já teria sido convocado por Portugal há mais tempo e não teria soçobrado perante a sereia brasileira. A indecisão é uma doença social que só traz volatilida­de. Da política ao futebol.

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