Por amor ao futebol
Num futebol português cada mais profissionalizado, onde tudo é trabalhado ao milímetro por treinadores, jogadores, dirigentes, empresários, staff, médicos, fisioterapeutas, roupeiros, federação, liga de clubes… É inadmissível que seja permitido que um dos agentes envolvidos no jogo seja um falso profissional. Lembro que sem árbitro não há jogo e é precisamente o árbitro o único não profissional nesta equação. É imperioso que o falso profissionalismo tenha os dias contados.
Para o próximo Governo e Grupos Parlamentares fica a necessidade de aprovação de um projeto-lei que permita o reconhecimento da profissão de Árbitro/Juiz Profissional/Voluntário. Por uma questão de elementar justiça, os árbitros devem ter uma carreira contributiva com direitos e deveres, como acontece com qualquer outra profissão. Este será mais um passo importante para acabar com o faz-de-conta existente.
No meio de profissionais, não podemos ter a classe dos árbitros a receber ao jogo, a ficar sem rendimento no final do mês quando estão lesionados… Árbitros que abdicam das suas profissões para se dedicarem a 100% ao futebol, mas por descerem de divisão ou terminarem a carreira (por volta dos 45 anos de idade), ficam sem saber o que fazer, colocando em risco a sua subsistência e dos seus mais diretos familiares. Por amor à arbitragem, por amor ao futebol, o preço a pagar não pode ser tão elevado.
Mas há mais. A precariedade e a injustiça fiscal são dois importantes fatores que afetam de forma muito elevada a retenção dos jovens. Cedo percebem que, tal como está, não há futuro na arbitragem. É tempo para o Governo e os demais agentes do futebol atuarem com equilíbrio e justiça.