Record (Portugal)

À conquista dos corações de Anfield

- VASCO BORGES

Aterrou em Liverpool com um pesado rótulo de 85 M€ e uma herança de respeito chamada Luis Suárez. Tornou-se um alvo, acusou a pressão, mas deu a volta. Depois de um ano de estreia difícil na Premier League , o ex-Benfica começa finalmente a provar que tem mesmo estofo de estrela

Darwin Núñez só tinha cumprido 34 minutos com a camisola do Liverpool, quando teve de enfrentar o primeiro coro de críticas. Estávamos em julho de 2022 e os reds tinham acabado de desembolsa­r 85 M€ para recrutar o uruguaio ao Benfica. A estreia, num particular com o rival Man. United não correu de feição: derrota pesada com com uma pesada derrota (0-4) e Darwin a falhar uma chance de baliza aberta e outra da marca de penálti. Na era das redes sociais e das reacções instantâne­as não tardaram os juízos. “É este o avançado dos 100 milhões?” Foi uma das expressões dos internauta­s que a imprensa inglesa destacou. Jürgen Klopp apressou-se a defender o novo pupilo. “Tem três sessões de treino e é normal que sinta dificuldad­es. Acho que estava a ‘arrebentar’ depois de três ‘sprints’. Mas gostei de ver que os rapazes já o estavam a procurar, a tentar que a bola lhe chegasse. E ele foi perigoso em várias situações, é isso que temos de ver”, explicou na conferênci­a de imprensa que se seguiu ao jogo. Mas não havia volta a dar. Darwin era o reforço mais sonante, e mais caro, da época e tinha nos ombros a pressão de responder. O ‘poker’ ao RB Leipzig na semana seguinte e o golo na Supertaça frente ao Man. City - o único troféu conquistad­o nessa época - pareceram trilhar um caminho de sucesso. Mas a situação com que lidou após esse jogo com o United repetiu-se vezes sem conta nos meses que se seguiram, enquanto Darwin protagoniz­ava uma época de estreia de altos e baixos sem conseguir convencer na totalidade adeptos e analistas. As comparaçõe­s com Erling Haaland, que ao mesmo tempo assinava um primeiro ano estratosfé­rico no Man. City, também não ajudavam. Ainda menos ajudou a época igualmente irregular do Liverpool a nível coletivo .– os reds não foram além do 5º lugar na Premier, falhando o acesso à Liga dos Campeões pela primeira vez desde 2016/17.

Mas algo mudou esta temporada e não foram as vozes que tantas vezes se levantaram contra o ex-Benfica. A pressão aumentou, com a saída de Roberto Firmino para a Arábia Saudita a obrigá-lo a assumir um papel ainda mais central, mas há um Darwin diferente a pisar os relvados da Premier. Mais maduro, mais tranquilo, mais confiante, o avançado vai deixando para trás o rótulo de ‘patinho feio’ e já ultrapasso­u os números da temporada anterior. Uma nova estrela floresce, finalmente, em Anfield.

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