Aceitar as semelhanças
O desejo de vencer pode unir-nos ou separar-nos. Na última jornada europeia, apenas o Benfica conseguiu sair vitorioso mas, ainda assim, Roger Schmidt continua a ser um treinador contestado. Com efeito, esta semana o médio Kökçü deu uma entrevista onde se confessa descontente com a falta de reconhecimento da sua importância e com as escolhas do treinador quanto ao seu papel e autonomia no jogo da equipa.
O facto de um jogador ter sido uma contratação recorde,
pode contribuir para gerar tensão na gestão das expectativas. Se, adicionalmente, não existir uma cultura de assertividade, se não existirem espaços para exprimir a insatisfação, e se não existirem profissionais
A NOSSA CAPACIDADE DE AÇÃO AMPLIA-SE E CONSTRÓI-SE NA RELAÇÃO COM OUTROS
para apoiar os atletas, as frustrações acumuladas podem não ser comunicadas de forma construtiva.
É, por isso, fundamental que as partes
se reunam e procurem discutir de forma aberta. Aos atletas cabe mostrar uma atitude colaborante, explicar as suas intenções e assumir um esforço para manter um comportamento exemplar dentro e fora do campo. Se o clube dispuser de um serviço de psicologia, o atleta deve ser apoiado nestes momentos.
Para gerar coesão, precisamos de lidar
com a oposição. Acolher um pensamento ou um sentimento alheio implica ser capaz de ensaiar um gesto idêntico, encontrar no outro algum reflexo de nós mesmos. A nossa capacidade de ação amplia-se e constrói-se na relação com os outros, implicando a aceitação das diferenças, mas também das semelhanças.*