Record (Portugal)

Zico: o eterno craque do futebol da gente boa

- Filipe Alexandre Dias Editor executivo

É um fenómeno que cruza gerações, voa bemacima de clubes, de nacionalid­ades e que continua a captar a atenção um pouco por todo o mundo, sobre todas as plataforma­s. Depois do muito futebol que jogou, depois do muito que por todo o globo treinou, Zico continua a conquistar simpatia, sorrisos e alegria. É em forma dos livros que escreve e sobre ele escrevem. É nas múltiplas entrevista­s que sempre gentilment­e concede. É do podcast que apresenta ou para os podcasts para os quais é convidado. É pelas conferênci­as e palestras que dá por todo o planeta. Zico, o craque brasileiro que tirou fronteiras ao sonho e tornou o jogo-rei ainda mais bonito, continua a ser uma verdadeira atração.

Tudo isto porque o Galo de Quintino voltou a ser tema para um livro. Depois de inúmeros biografias e até de uma obra dedicada a todos os seus golos, o antigo internacio­nal canarinho vê o exemplo contagiant­e de protagonis­mo e desportivi­smo com que pautou a sua carreira ser adornado por ‘O Efeito Zico’.

Depois de se eternizar como capitão e figura maior de um dos maiores esquadrões de sempre do Flamengo, o clube dos seus amores, e de ser um dos ‘imortais’ da mítica seleção canarinha do Mundial de Espanha em 1982, Zico embarcou numa aventura como técnico que o levou ao Japão – onde já deixara marca como jogador –, com passagens por Turquia, Grécia, Rússia, Uzbequistã­o, Iraque, Qatar e Índia .Agora, o carioca, hoje com 71 anos, pega nas suas experiênci­as para deixar ensinament­os sobre liderança. E o exemplo vem da vida de Zico.

A história é por demais conhecida. Arthur Antunes Coimbra, nascido a 3 de março de 1953, filho de ‘seu’ Zé, um emigrante português vindo de Tondela que foi pai de quatro filhos futebolist­as, com o mais novo, que passou de ‘Arhurzico’ a Zico, a cedo demonstrar que estava destinado às estrelas. 556 golos em 777 partidas oficiais depois, Zico arrebatou corações de todas as cores, superando o fanatismo feroz que distingue o adepto sul-americano.

Zico nunca teve um gesto feio ou uma palavra de provocação para com um adepto adversário mesmo no calor do Maracanã (na vida do qual é o melhor marcador...). Zico nunca rebaixou um adversário na hora da vitória, ou o atacou no amargor da derrota. Só por uma vez perdeu a cabeça e insultou um árbitro da cabeça aos pés – apanhou quatro jogos de suspensão.

Campeão dos afetos,

Zico é filho do jogo sem inimigos e foi íntimo de muitos dos seus maiores adversário­s, em particular de Roberto Dinamite, o craque do Vasco da Gama, maior rival do Fla e sua némesis em campo desde a formação. A forma como Zico chorou a recente e trágica morte do amigo de longa data foi, em si, reveladora. Porque Zico é isso: o eterno craque do futebol da gente boa. *

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal