POTÊNCIA DE CABRAL DESATOU O NÓ
Benfica encostou o Casa Pia às cordas, mas só carimbou triunfo numa iniciativa em campo aberto
çMenos de 72 horas após o epílogo feliz da luta na lama em Ibrox, com elevada exigência no capítulo físico, Roger Schmidt espantou ao realizar apenas uma alteração, abdicando de Neres pela utilização de João Mário a partir da esquerda do meio-campo. Por isso, ante um Casa Pia organizado estruturalmente entre o 5x4x1 (momento defensivo) e o 3x4x2x1 (momento ofensivo), o Benfica despontou no embate com pouco fulgor e escassa frescura.
O que se fez sentir na forma deficiente como pressionou a primeira fase de construção do rival, assentindo saídas desde trás, e na pouca fluidez exibida em ataque posicional, com um jogo muito centralizado e vários passes equivocados a impedirem a chegada com qualidade a zonas de finalização. Assim, foram os gansos a criarem as primeiras situações de perigo. Não só a perscrutarem contragolpes, como sucedeu na oportunidade esbanjada por Larrazabal a passe de Felippe, como a penetrarem no bloco oponente, para depois explorarem a criatividade de Moreira e de Pablo Roberto no assalto ao último terço, ou buscando as incursões de Lelo à esquerda para servir Felippe no centro da área.
A inércia rubra só foi quebrada com o intensificar da pressão por parte da sua segunda linha, com Bah, Aursnes, Florentino e Neves a afiançarem recuperações média-altas, o que assentiu a realização de contratransições culminadas com finalizações pouco pungentes, ou na sequência de bolas paradas laterais. De resto, apenas António Silva patenteou argúcia a desmarcar Bah e Rafa nas costas da última linha rival. Só que sem sequência.
Era inevitável uma reação do Benfica na etapa complementar. A nota artística não impressionou, mas os encarnados elevaram o ritmo e tomaram conta da partida, instalando-se com bola no meio-campo ofensivo, exibindo argumentos para
perscrutar os três corredores. Faltava, contudo, mais discernimento no último passe e na finalização, sobretudo para dar sequência a cruzamentos infindos, o que conduziu às apostas em Neres e em Cabral, juntando João Mário e João Neves no centro do meio-campo. Só que as limitações coletivas em ataque posicional, das quais o treinador é o responsável, não se dissiparam, mesmo com o Casa Pia encostado às cordas. Até que uma recuperação no setor defensivo permitiu às águias gizarem uma iniciativa em campo aberto, com Cabral, após combinação entre Neres e João Mário, a arrancar uma diagonal da direita para o meio epilogada com um remate cruzado que ditou o triunfo do Benfica, que, imediatamente, entrou em modo de gestão controladora.
*