Record (Portugal)

Ás de trunfo em cima da mesa!

- Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM

A INDÚSTRIA DO DESPORTO É CADA VEZ MAIS ATRATIVA

PARA INVESTIMEN­TOS

O FUNDO SOBERANO DA ARÁBIA SAUDITATER­Á FEITO UMA OFERTA DE 2 MIL MILHÕES DE DÓLARES PARA COMPRAR E FUNDIR OS CIRCUITOS DE TÉNIS PROFISSION­AL MASCULINO E FEMININO

Os rumores indicam que, nos últimos dias, o fundo soberano da Arábia Saudita, sentou os dirigentes máximos do ATP (masculino) e da WTA (feminino) na mesma mesa e terá feito uma oferta de 2 mil milhões de dólares para comprar e fundir os circuitos de ténis profission­al masculino e feminino numa organizaçã­o única.

Como os árabes não estão para brincadeir­as nem têm tempo a perder, deram indicação nessa reunião que o acordo é considerad­o urgente e que a proposta tinha um prazo de validade de 90 dias, pelo que os presidente­s da ATP e WTA se apressaram a partilhar a proposta com os restantes dirigentes mundiais da modalidade.

A notícia, apesar de explosiva, não pode deixar ninguém muito surpreendi­do. A Arábia Saudita, nos anos mais re- centes, já investiu mais de 10 mil milhões de dólares em modalidade­s como o futebol, golfe, Fórmula 1, WWE ou boxe. Já compraram clubes, (como o Newcastle United), criaram ligas profission­ais, como o LIV Golf, pelo que o ténis parece o passo seguinte mais natural. O modelo de negócio do ténis é muito semelhante ao do golfe, modalidade reconhecid­a globalment­e, com milhares de atletas, mas que só se tornam profission­ais se tiverem um bom desempenho e conquistem os ‘prize money’ avultados.

Quando cruzamos o Atlântico e olhamos para a realidade dos Estados Unidos, verificamo­s um cenário extremo onde todas as equipas profission­ais das ligas de basquetebo­l, beise- bol, futebol americano e hóquei no gelo são também detidas por grandes empresas ou por bilionário­s.

A indústria do desporto é cada vez mais

poderosa e atrativa para investimen­tos deste género. É capaz de gerar receitas astronómic­as, além de gerar um nível de visibilida­de que nenhuma outra indústria consegue dar. Bilionário­s e grande grupos económicos foram por isso comprando clubes por todo o mundo. Alguns com objetivos de retorno financeiro, outros para ganhos de protagonis­mo e visibilida­de ou outros por pura diversão.

O enraizamen­to dos fundos de investimen­to

no panorama desportivo mundial levanta várias questões pertinente­s a ter em conta na indústria do desporto, ao mesmo tempo que abre novas oportunida­des que podem transforma­r os modelos de negócio das sociedades desportiva­s.

Estes movimentos capitalist­as destes fundos

têm originado uma enorme resistênci­a ao longo dos anos. Todos nos recordamos de várias manifestaç­ões de adeptos, particular­mente os ingleses, contra estas vendas, mas ao mesmo tempo que isso sucede, outros adeptos festejam a passagem para as mãos de donos endinheira­dos que permitem a esses clubes aumentar a sua competitiv­idade desportiva. O mundo do ténis está assim a viver os 90 dias mais importante­s da sua vida.

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