Calendário à medida
O futebol português encontra-se numa encruzilhada: quem deveria cuidar dele parece determinado em tornar-se no seu coveiro. Embora não faltem exemplos embaraçosos, é nas pequenas coisas que se vê o amadorismo de quem é suposto zelar pela vitalidade da modalidade.
Entre 29 de março e 22 de abril, o Benfica
terá de disputar sete jogos, uma média de um jogo a cada três dias. Pode parecer uma consequência natural de ser o último sobrevivente nas provas europeias, mas é difícil compreender porque é que ser o único clube a contribuir para o ranking da UEFA se torna num motivo para castigo.
Na Taça de Portugal, o Benfica recebe
o Sporting no dia 2 de abril. No dia seguinte, o FC Porto desloca-se a Guimarães para a mesma competição – para disputar a primeira mão e não a segunda. Apesar da final da Taça ser a última partida da época, o Benfica, que uma semana depois enfrenta o Marselha, é forçado a jogar neste momento, embora a outra meia-final esteja atrasada.
Infelizmente, não é só na Taça de Portugal
que se verificam decisões de calendarização incompreensíveis. Na Liga, o artigo 42.º do Regulamento das Competições é claro: o jogo entre Famalicão e Sporting tinha de ser disputado nas quatro semanas seguintes ao adiamento original. Em vez disso, o jogo, marcado para 3 de fevereiro, será jogado a 16 de abril, mais de 10 semanas depois da data original. Esta situação obriga Sporting e Benfica a manterem uma diferença de um jogo durante quase dois meses, subvertendo a verdade desportiva e pondo em risco a integridade da competição.
A 2 de abril o Sporting deveria jogar
PARECE QUE AS REGRAS SÓ SE APLICAM QUANDO SERVEM PARA
em Famalicão – e não na Luz –, mas parece que as regras só se aplicam quando servem para castigar o
Benfica. Com este calendário, as autoridades conseguem o pior de vários mundos, sempre com o mesmo prejudicado. No melhor dos casos, é ‘só’ passividade. No pior, é vontade de sabotar o maior clube de Portugal. Em qualquer caso, precisamos de fazer mais para proteger os clubes portugueses. Se queremos ser competitivos na Europa, temos de criar as condições para que as nossas equipas possam triunfar, seja qual for a cor das suas camisolas.
CASTIGAR O BENFICA
P.S. –
Como pai de dois apaixonados benfiquistas, tenho de destacar o papel do Benfica na criação de laços entre pais e filhos por todo o país. Um feliz Dia do Pai para todos!