Record (Portugal)

AMOR DE PAI PARA SEMPRE

Yan, filho de Wender, tatuou na coxa imagem sua a chegar à Pedreira pela mão do progenitor

- ANDRÉ GONÇALVES

“Eu preciso dele. O apoio dele é tudo para mim. Não podia pedir uma pessoa melhor para estar ao meu lado e sou um sortudo por ser seu discípulo.” Por estas primeiras linhas é mais do que óbvio o sentimento de amor que Yan Said, de 21 anos, nutre pelo pai Wender, de 48. Um laço de sangue que envolve futebol e Sp. Braga e que o avançado da equipa B quis tornar ainda mais permanente, através de uma tatuagem na coxa, feita em dezembro passado. É para lá que aponta agora sempre que marca um golo. “Esta tatuagem é uma homenagem ao meu pai e à cidade de Braga. É a cidade onde eu cresci, onde moro e que eu amo. E como passávamos muito tempo no Estádio, não havia lugar melhor para a tatuagem”, conta Yan, numa conversa em que Record o colocou em linha com o pai, ausente

“SOU UM SORTUDO POR SER SEU DISCÍPULO”, DIZ O JOVEM, QUE ENCHE O PAI DE ORGUHO: “VÊ-LO NÃO TEM PREÇO”

do país. “Isto se calhar é porque eu levava o Yan e o irmão, o Lucas, a andar de bicicleta ou numa moto 4 que eu tinha e eles até batiam nas árvores... Passávamos muitas tardes ali no parque junto ao estádio, porque morávamos ali perto”, explica Wender, com a concordânc­ia de Yan, mas com este a ressalvar, em tom de brincadeir­a, que quem se ‘espalhava’ de bicicleta era “o mais velho”, Lucas. Para o jovem jogador, esta imagem tatuada tem um peso muito especial: “É olhar para trás, tudo o que eu, o meu pai, irmão e mãe passámos... É um sentimento de gratidão. Agora, poder fazer um golo e apontar para a tatuagem, para a pessoa que me mostrou e me fez ter o bichinho de ser jogador é algo inexplicáv­el. O meu pai é a minha maior inspiração. Nunca passei tantas horas a ver resumos de jogos como dos do meu pai.”

Yan continua a fazê-lo e até já sabe “de cor tudo o que ele faz”. Wender emociona-se ao longo da conversa, não só ao ouvir as palavras do filho, que replicou a sua “forma de andar, correr e de colocar as meias”, mas também quando fala dele. “Transmitir estas coisas, o amor ao desporto, ao futebol, ver o brilho nos olhos, é a realização de um pai. Tenho visto os jogos dele e é uma emoção incrível quando ele marca um golo, é saber que o filho se sente realizado no momento, é melhor do que se fosse eu. Não tem preço, qualquer pai devia sentir isto. Ele viu-me como um profission­al a sério, mas com a idade dele eu fiz muita borrada...”, aponta o antigo jogador, a maior influência de Yan: “O homem que sou hoje deve-se muito ao pai e ao jogador Wender.”

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NA PELE. Yan decidiu fazer homenagem ao pai e avançou com tatuagem para onde aponta sempre que marca um golo na Liga 3

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