Record (Portugal)

“Não é fácil falar para milhares de pessoas”

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Em 2017, numa entrevista a Record, disse que o VAR ia reduzir os erros. Que balanço faz da vídeo-arbitragem?

LG - Qualquer pessoa que goste de futebol tem de admitir que a vídeo-arbitragem é uma mais-valia, mas tem muito para crescer. Não chegou para eliminar totalmente o erro, isso é impossível enquanto os árbitros forem humanos, mas diminuiu claramente. A taxa de sucesso é altíssima. Hoje temos menos simulações no futebol, temos os jogadores mais envolvidos no jogo.

Ⓡ Que aspetos gostaria de ver mudados no protocolo do VAR?

LG - Alargar a possibilid­ade de ação, não serem só 4 situações específica­s. Ninguém consegue perceber que num canto assinalado erradament­e, possa surgir um golo e o VAR não pode impedir isso.

Ⓡ A novidade mais recente relativa ao VAR é a explicação dada pelos árbitros ao público, como está a correr o processo?

LG- Dentro do expectável. Não podemos dizer que está como achamos que é o potencial desta mais-valia, porque existem uma série de ‘skills’ que os árbitros vão ter de adquirir. Uma coisa é estarem a falar com os jogadores ou treinadore­s num circuito fechado, outra é terem de falar para o público. Não é fácil falar para milhares de pessoas e alguns árbitros não se sentem à vontade para isso, mas esse aspeto está a ser bem trabalhado pelo Conselho de Arbitragem.

Ⓡ Uma das coisas que as pessoas criticam é o tempo que o VAR leva a analisar alguns lances. Como se pode mudar isso?

LG - Isso vai ser possível mas só com o tempo. De qualquer forma, as nossas médias de intervençã­o do VAR estão dentro dos valores dos tempos de intervençã­o nos outros campeonato­s europeus... A colocação das linhas, por exemplo, ainda é um processo que demora algum tempo e vai ter de ser melhorado, mas a resposta pode ser sempre: mais vale demorar e não haver erro, do que ser rápido e errar.

Ⓡ Como é possível o VAR colocar mal as linhas e ser validado um golo em fora-de-jogo, como o do Sporting ao Casa Pia?

LG - A resposta é simples: porque foi feita por um humano. Se fosse feita por uma máquina, nem sequer estávamos aqui a discutir isto. Sendo feito por um humano a probabilid­ade de existir um erro existe sempre.

Ⓡ Estava a ver esse jogo?

LG - Sim, estava.

Ⓡ Percebeu logo que tinha sido cometido um erro?

LG - Não, tive alguma dificuldad­e também. Quando as distâncias nos foras-de-jogo são muito curtas, a probabilid­ade de acertarmos é 50/50.

Ⓡ Na altura criticou o Conselho de Arbitragem por ter condenado publicamen­te Hugo Miguel, que era o VAR. Como é que ficaram as relações entre a APAF com Fontelas Gomes depois desse caso?

LG - A nossa relação é muito boa. Ele faz a gestão da arbitragem e eu, como presidente da APAF, tenho de fazer a defesa dos árbitros. Foi só uma questão de ponto de vista diferente, mas a nossa relação continua normal.

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“AS NOSSAS MÉDIAS DE INTERVENÇíO DO VAR ESTÃO DENTRO DOS VALORES DO RESTO DOS CAMPEONATO­S EUROPEUS”

 ?? ?? DIRETO. Luciano Gonçalves não fugiu a nenhum tema
DIRETO. Luciano Gonçalves não fugiu a nenhum tema

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