Um foguete não faz o campeão
Decorria o início de fevereiro quando facto inesperado e não-desportivo se atravessou num percurso de enorme embalo do Sporting Clube de Portugal rumo ao título 2023/2024.
Sem precedente recente ou aviso prévio, causa fortuita e de força maior,
ditada pela ausência de agentes de autoridade, que assegurassem as necessárias condições de segurança, impediram que o Famalicão – Sporting, da 20ª jornada, fosse disputado no respeito pelo calendário previsto.
Seguiram-se debates jurídicos animados, comentários criativos,
e restou um puzzle competitivo demasiado complexo, para que fosse possível prever ou planear a recuperação do jogo que então se adiara.
Durante larguíssimos dois meses, tentaram mergulhar o conjunto leonino
nas teias capciosas da liderança e vantagem à condição, bem como na pressão assente numa tabela classificativa virtual, que serviu até para muito curiosas capas.
Nesta terça-feira, aquilo que poderia ter sido um jogo normal de um campeonato de 34 jornadas,
iniciou-se sob o manto de finalíssima antecipada. Coisa nunca vista e, provavelmente, não inocente. O desafio era imenso e os corações bateram ardentemente.
A resposta foi dada onde realmente conta: dentro das quatro linhas.
Os bravíssimos de Amorim atuaram, neste jogo, no mesmo diapasão pelo qual se afinaram durante todo o hiato do “jogo a menos que os adversários”: sem nervosismo, com incrível espírito de entreajuda, com firmeza tática, entrega absoluta de quem sabe que a regularidade vence qualquer adversidade.
Hoje, como até ao dia em que a matemática dite realidade contrária, nada está ganho.
Todavia, o respeito e o reconhecimento prestado à “melhor equipa do campeonato” constitui-se com “ás de trunfo” para manter distâncias e desmoralizar o Sport Lisboa e Benfica.
A mensagem está assimilada e a equipa apresenta-se imune à entropia
que – desesperadamente – alguns tentaram impregnar do exterior.
Se durante 29 jornadas, Amorim optou pelo mote da pressão máxima
aqui chegados, vale a pena retomar o lema do “jogo a jogo”. Principalmente, agora, sabendo que faltam três vitórias para cortar a meta.
Para nós adeptos foi uma final.
Para o grupo de trabalho, mais um dia no relvado-escritório em quem têm passado despacho à concorrência. Têm mais juízo os protagonistas do que nós e, quando assim é, tem tudo para correr bem.