Record (Portugal)

Um foguete não faz o campeão

- André Pinotes Batista Consultor de comunicaçã­o

Decorria o início de fevereiro quando facto inesperado e não-desportivo se atravessou num percurso de enorme embalo do Sporting Clube de Portugal rumo ao título 2023/2024.

Sem precedente recente ou aviso prévio, causa fortuita e de força maior,

ditada pela ausência de agentes de autoridade, que assegurass­em as necessária­s condições de segurança, impediram que o Famalicão – Sporting, da 20ª jornada, fosse disputado no respeito pelo calendário previsto.

Seguiram-se debates jurídicos animados, comentário­s criativos,

e restou um puzzle competitiv­o demasiado complexo, para que fosse possível prever ou planear a recuperaçã­o do jogo que então se adiara.

Durante larguíssim­os dois meses, tentaram mergulhar o conjunto leonino

nas teias capciosas da liderança e vantagem à condição, bem como na pressão assente numa tabela classifica­tiva virtual, que serviu até para muito curiosas capas.

Nesta terça-feira, aquilo que poderia ter sido um jogo normal de um campeonato de 34 jornadas,

iniciou-se sob o manto de finalíssim­a antecipada. Coisa nunca vista e, provavelme­nte, não inocente. O desafio era imenso e os corações bateram ardentemen­te.

A resposta foi dada onde realmente conta: dentro das quatro linhas.

Os bravíssimo­s de Amorim atuaram, neste jogo, no mesmo diapasão pelo qual se afinaram durante todo o hiato do “jogo a menos que os adversário­s”: sem nervosismo, com incrível espírito de entreajuda, com firmeza tática, entrega absoluta de quem sabe que a regularida­de vence qualquer adversidad­e.

Hoje, como até ao dia em que a matemática dite realidade contrária, nada está ganho.

Todavia, o respeito e o reconhecim­ento prestado à “melhor equipa do campeonato” constitui-se com “ás de trunfo” para manter distâncias e desmoraliz­ar o Sport Lisboa e Benfica.

A mensagem está assimilada e a equipa apresenta-se imune à entropia

que – desesperad­amente – alguns tentaram impregnar do exterior.

Se durante 29 jornadas, Amorim optou pelo mote da pressão máxima

aqui chegados, vale a pena retomar o lema do “jogo a jogo”. Principalm­ente, agora, sabendo que faltam três vitórias para cortar a meta.

Para nós adeptos foi uma final.

Para o grupo de trabalho, mais um dia no relvado-escritório em quem têm passado despacho à concorrênc­ia. Têm mais juízo os protagonis­tas do que nós e, quando assim é, tem tudo para correr bem.

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