Record (Portugal)

Primeiros despachos e treinador

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çA primeira decisão de AVB já como presidente eleito foi muito controvers­a, se não mesmo um erro – e a dubieza só existe por não sabemos exatamente o que foi conversado entre ele e Pinto da Costa. Mas se o presidente ainda em exercício lhe telefonou não só para o felicitar pela vitória, como foi revelado pelo próprio AVB, mas também para o convidar para se sentar ao seu lado no camarote presidenci­al durante o FC Porto-Sporting, o presidente eleito perdeu uma excelente oportunida­de de agre- gar e de contribuir para a unidade do clube, como reclama ser sua vontade. Até porque não terá sido fácil a Pinto da Costa convencer-se (principalm­ente depois de ouvir AVB afirmar, no discurso de vitória, que “o FC Porto está livre de novo”) de um chamamento que respeita e dignifica a vontade dos sócios. E se AVB queria mesmo estar pelo úl- tima vez no meio daqueles que o ajudaram a eleger, nada o impedia de ver a primeira parte do jogo no camarote e a segunda na bancada, ou vice-versa. Se o tivesse feito teria ainda deixado menos aberta a ferida com as claques, que, já se sabe, ainda são dirigidas por maiorais pouco interessad­os em perder o lucro de um negócio demasiado esconso. AVB mostrou bem as suas prioridade­s na alocução de vitória: ganhar títulos e tratar da sustentabi­lidade do clube. Não por acaso, a prioridade competitiv­a surge em primeiro lugar, mas o destaque dado à outra preferên- cia também fez sentido, até porque o mais provável é que se acentuem as reclamaçõe­s judiciosas dos credores mais agreda- dos à anterior gestão… Algumas decisões urgentes irão depender em função do que a anterior gestão tiver realmente contratual­izado (Academia na Maia e negócio comercial com a Ithaka, principalm­ente). Essa dúvida coloca-se também relativame­nte ao treinador. Os jornais noticiaram que o contrato recém assinado tinha claúsulas liberatóri­as que salvaguard­avam a hipótese de Pinto da Costa não ganhar, mas a verdade é que nada disso constava na curta comunicaçã­o enviada à CMVM.

Mas imaginar que Sérgio Conceição vai manter-se no FC Porto na próxima época parece hoje tão difícil como transforma­r um pickle de volta num pepino… Desde logo, por não parecer ser essa a vontade das duas partes. Sérgio há muito que tem a legíti- ma ambição de se mudar para um clube e para uma liga mais competitiv­as. E dificilmen­te aceitaria o cenário que se antecipa no Dragão.

Por outro lado, mesmo que AVB esteja a ser totalmente sincero quando elogia a qualidade do atual técnico e mesmo que fosse ultrapassá­vel o litígio que se diz existir hoje entre os ex-grandes amigos Jorge Costa e Sérgio Conceição, o futuro presidente acabaria sempre por optar por um técnico com um perfil diferente. Nestes sete anos, Conceição teve sempre um papel que extravasa as meras funções de treinador. Por inércia ou inépcia da estrutura, teve demasiadas vezes de fazer de diretor desportivo e de comunicaçã­o…

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