Record (Portugal)

História, memória e futuro

- Mauro Xavier Gestor

Cada década do futebol português foi marcada pelo domínio de um emblema diferente. Desde os anos 40 que, entre o primeiro troféu a ser entregue na década e o último, uma só equipa conseguiu sempre conquistar cinco ou mais campeonato­s. Essa tradição começou com o Sporting, que o fez nos anos 40 e 50, mas desde então nunca mais conseguiu voltar a alcançar esse grau de sucesso.

Nos anos 60, 70 e 80, o Benfica dominou Portugal e encantou a Europa. Desde a equipa treinada por Béla Guttmann e capitanead­a por Artur Santos até ao conjunto treinado por Toni e capitanead­o por Shéu, foram 19 títulos em 30 anos. Nesse período histórico, inúmeras foram as Glórias que pisaram os relvados encarnados, de Coluna e Zé Águas até Simões, Toni e Humberto Coelho, nunca esquecendo o inigualáve­l Rei Eusébio.

Nos anos 90 e 2000, o FC Porto assumiu essa posição de domínio, graças às táticas que todos conhecemos. A chegada de Pinto da Costa trouxe com ela uma cultura de ódio assente sobre um clima de guerra constante onde tudo valia para ganhar. Foram duas décadas a vencer assim – basta ouvir as escutas do Apito Dourado. Enquanto alvo frequente dos seus ataques, só posso desejar que seja uma página do futebol português que foi virada de vez.

Muito se falou de democracia

depois da estrondosa derrota do ex-presidente azul e branco. Curiosamen­te, os mesmos que agora elogiam os pergaminho­s democrátic­os da distribuiç­ão de votos no Dragão esquecem-se que Frederico Varandas foi eleito com menos votantes do que o seu opositor, algo que nunca aconteceu no Benfica. Também a tão aplaudida participaç­ão dos adeptos do FC Porto foi considerav­elmente inferior às últimas eleições benfiquist­as, onde votaram mais 50% de adeptos e onde a margem foi superior à da vitória de Villas-Boas. O Benfica não precisa de lições de democracia de ninguém.

Na década de 2010, o Benfica

voltou finalmente à posição devida, vencendo seis títulos. Foi com essa posição que o clube chegou a 2020 e, cinco títulos volvidos, continua a poder perpetuar esse domínio. O principal propósito do Benfica é vencer e, como tal, o clube tem sempre de ambicionar à hegemonia no futebol nacional. Neste momento, os nossos principais adversário­s estão em vantagem. Todos desejamos que Rui Costa nos lidere às vitórias em 2025 e que no final desta década se tenham alcançado, pelo menos, cinco campeonato­s.

O BENFICA NÃO PRECISA DE LIÇÕES DE DEMOCRACIA DE NINGUÉM

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