SÁBADO

Sniper tuga

- Pedro Marta Santos

Pela milésima vez num país construído sobre a forçadas armas, foram mortas atiro dezenas de pessoas, após um homem entrar numa igreja baptista do Texas e começar a disparar indiscrimi­nadamente. Ainda este ano, ocorreu o mais mortífero tiroteio civil da história dos EUA, quando um reformado de 58 anos alvejou de um quarto de hotel a multidão que assistia a um concerto em Las Vegas, matando 58 homens, mulheres e crianças e ferindo outras 500 antes de se suicidar. Only in America, certo? Errado. Por tu galé o paraíso dosni per doméstico. Não costuma–até agora– albergar indivíduos que desatam aos balázios a transeunte­s em Poço do Mocho mas, a par do turismo e da febre sazonal das startups, revela como especialid­ade o tiro à mulher casada ou recém-separada. Portugal tornou-se o país onde a violência doméstica nãoéu ma ameaça latente,é um modo devida. Tal como os pistoleiro­s americanos, os pistoleiro­s tugas gostam de acertar mortalment­e em senhoras e, como eles, apreciam suicidar-se a seguir.

O País que nunca foi de brandos costumes transformo­u-se num faroeste de cobardes onde os forasteiro­s armados não correm qualquer perigo. As únicas pessoas com a vida por um fio num território onde até o hino defende a honra do suicídio (”Contra os canhões/Marchar/Marchar!”) são as mulheres inocentes e, de vez em quando, as crianças indefesas – sobretudo se estiverem do lado das meretrizes suas mães. Com 428 femicídios nos últimos 11 anos, juízes escondidos no Antigo Testamento e o professor Carrilho de pena suspensa após culpa provada, é perigoso ser mulher em Portugal.

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