TENHO DITO
A musa do tropicalismo, de 72 anos, garante que a música a “rejuvenesce” e vem prová-lo dias 10, 11 e 12 ao Campo Pequeno e ao Coliseu do Porto, onde celebra 50 anos de carreira. Eis a entrevista “FAZ DE CONTA que ainda é cedo, tudo vai ficar por conta da emoção”, cantava Gal Costa em Um Dia de Domingo, um dos clássicos da musa do tropicalismo que, com Elis Regina, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tim Maia, Tom Jobim e Jorge Ben integrou uma geração que revolucionou a música brasileira, nascida nos anos 40. Hoje com 72 anos, a cantora, que além do tropicalismo explorou também a MPB (Música Popular Brasileira) mais tradicional, garante que, como canta na canção, “ainda é cedo” para si – desta vez, contudo, o tema é a reforma. “Faço parte da geração de pessoas que envelhecem com energia, garra, vontade de trabalhar. Sou jovem de espírito”, assegura, em entrevista electrónica
Eu e Marcus Preto, director do show, começámos a trabalhar juntos na escolha [do repertório] e foi uma delícia. Eu queria um espectáculo mais intimista, uma revisão da minha história musical Acho meu último disco, Estratosférica, jovial e o mais palatável dos trabalhos que fiz ultimamente. A música alimenta-me e dá-me energia. Rejuvenesce-me e ilumina-me
Ser mãe rejuvenesce, você reaprende, é desafiador. Ao lado da minha carreira, Gabriel é a melhor coisa da minha vida. Sempre que pode, está comigo nos Hoje, no Brasil, temos a corrupção, uma coisa horrorosa, mas não tem como comparar o nosso momento actual com a ditadura [militar]. Vivemos tempos difíceis, mas temos voz Amo a luz de Lisboa, a comida, a calçada portuguesa, a segurança. Amo poder passear na rua tranquila, sem receio de dobrar a esquina O mundo precisa de muito amor e muita tolerância. Hoje, há um pouco mais de respeito que advém de muita luta, mas há muito, muito por fazer ainda. Não é suficiente Quando eu usava o cabelo bem crespo [na época do tropicalismo] as pessoas falavam mal, lá no começo da minha carreira, mas nunca liguei Em pequena, ouvia música no rádio da minha casa, que ficava na cozinha. Amava ouvir música e cantava tudo o que ouvia. Era a minha alegria! O tropicalismo foi uma época deliciosa… tenho saudades de tudo. Entre o impasse e a tensão que o tropicalismo gerou, voltaria a passar por tudo, pela mesma causa Não posso dizer que conheço bem a música portuguesa mais recente. Mas adoro fado. Quem não adora?
a propósito dos três concertos de celebração de 50 anos de carreira, que dá em Lisboa – sexta-feira e sábado, 10 e 11, no Campo Pequeno – e Porto – domingo, 12, no Coliseu. Nas três actuações, que serão “intimistas”, Gal Costa cantará “músicas emblemáticas da sua carreira”, como Baby, Meu Bem, Meu Mal e O Meu Nome é Gal. Ao GPS, Gal Costa fala dos concertos, do seu amor à música, das saudades que tem do tropicalismo, da cidade de Lisboa, da situação actual do Brasil e de como é ser mãe de Gabriel, de 12 anos, a que não gosta que chamem “filho adoptivo”. Em Lisboa e no Porto vai tentar provar que está aí para as curvas.