SÁBADO

“HÁ SEMPRE UMA LUZ QUANDO EXISTE ARTE”

- CATARINA CUSTÓDIO COM ÂNGELA MARQUES

É no Farol Hotel, em Cascais, que Cuca Roseta recebe o GPS. Sentada junto às janelas de onde se vê o mar, numa sala de paredes escuras, a fadista portuguesa prepara-se para nos falar do seu quarto álbum, Luz, que lança sexta-feira, 10 de Novembro. Começa por explicar a importânci­a da natureza no seu trabalho: “Há sempre um elemento ligado à natureza nos meus discos. No primeiro, era a pena, no segundo, a raiz, no terceiro, o rio ou a água e, agora, a luz. Costumo fazer um paralelism­o entre a natureza e o fado porque acho que o fado é mais belo quanto mais minimalist­a e puro for”, explica. E continua: “Preciso muito de estar em contacto com a natureza, de fazer desporto na natureza, por exemplo, porque aquilo que ela me dá de equilíbrio e paz de espírito é aquilo que encontro no fado também.”

Inicialmen­te, com este álbum, Cuca queria voltar a um fado mais tradiciona­l: “A minha ideia era fazer um disco de fados que tivessem marcado a minha vida, mas a verdade é que foram surgindo compositor­es que me trouxeram letras e músicas impossívei­s de não gravar.” Cuca queria fazer algo tradiciona­l. Problema: “A verdade é que eu não sou tradiciona­l e assim ia estar a fazer algo que não era tão eu.”

Diz que procura no fado a sua essência, aquilo que sente que está a viver e que tinha apenas uma ideia para o disco: que este teria de se chamar “luz” e que essa luz viria do interior. “Há sempre uma luz quando existe arte, quando existe verdade – é isso que quero passar com este álbum. Venham de onde vierem as músicas, sejam quais forem os estilos, todas me emocionam e em todas encontro a minha luz, que me move e tem tudo a ver com o fado”, diz.

Ainda que definido comercialm­ente como um disco de fado, Luz tem 17 temas que passeiam por outros estilos (Carolina Deslandes e Pedro da Silva

Martins, por exemplo, compuseram para ele). “Há temas que são mais pop, outros mais Brasil, outros mais África – no entanto, quando passo de uma música para outra acho que há uma continuida­de”, diz a fadista, que acrescenta, brincando, que este não é apenas um disco de fado, mas “um disco da Cuca”. De resto, dos 17 temas, dois foram escritos pela cantora:

Versos Contados e Saudade e Eu.

Luz é o quarto álbum da carreira de Cuca Roseta. O que mudou do primeiro até agora? “É como perguntar o que é que eu mudei em 10 anos. E eu mudei muito. Este álbum é muito mais maduro do que os anteriores. Quando oiço o meu primeiro disco encontro-lhe muitos erros. Se calhar daqui a 10 anos quando ouvir este isso também vai acontecer.”

Para Cuca, olhar para trás não é difícil. “Tenho um certo carinho em olhar para esse primeiro disco e ver que havia essa inocência, essa ingenuidad­e e essa falta de maturidade. Não é algo que rejeite porque sei que faz parte do caminho e traz-me muita nostalgia. É bonito ver esse cresciment­o e ver esse erro porque quem não cai não se levanta.”

A par do álbum, Cuca Roseta lançará também, em exclusivo na Fnac

online, um livro de poemas que estará disponível em loja em 2018. v

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• Sony Music €8,99 (iTunes)
LUZ Fado • Sony Music €8,99 (iTunes)

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