OS MICROLÓBIS QUE PEDEM E PEDEM E PEDEM...
De famílias numerosas a produtores de mel de cana: todos querem qualquer coisa de Centeno.
Chegam sozinhos ou em pequenos grupos especializados à Assembleia da República. Alguns carregam volumosos dossiês ou pastas com estudos de mercado, de impacto ou comparativos com a realidade de outros países para apresentar aos deputados. Outubro e Novembro são os meses em que mais frequentemente são vistos nos corredores de S. Bento, em Lisboa. São lobistas, mesmo que não apreciem o termo, e exercem a sua influência nos bastidores para transformarem o Orçamento do Estado (OE). Num contexto político em que o PS precisa do BE e do PCP para aprovar o documento, são muitas as entidades que agora vêem neles os aliados perfeitos para ir reivindicar. Mas também podem ir por outra via: os partidos da oposição. O importante é influenciar. A indústria cervejeira e a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), por exemplo, foram falar com PSD e CDS e alertar para os efeitos do aumento do ano passado do imposto sobre o álcool e as bebidas alcoólicas (bem como as que contêm elevado teor de açúcar). Dizem que a quebra na procura, devido ao aumento do preço final, terá efeito no mercado agrícola nacional (especialmente no da cevada) e poderá ter impacto no emprego e até, indirectamente, na receita fiscal. Foi só uma acção preventiva: não estão previstos novos aumentos sobre estes produtos.
Da Madeira, chegou ao grupo parlamentar do PSD uma reivindicação antiga, em torno de um produto importante para a economia regional: o mel de cana, cujo sector quer ser equiparado aos xaropes de sumo ou concentrados no que toca ao pagamento de IVA (6%). Os sociais-democratas apoiam.
A proposta de OE desencadeou um conflito entre tabaqueiras, com ecos no parlamento. A actual versão do Orçamento favorece, no imposto, as grandes marcas, ou seja, os maços mais caros, como os Marlboro ou Dunhill, e até dará às respectivas empresas um alargamento das margens de lucro. Quem foi fazer lobbying? Os produtores das marcas mais baratas (e a associação do sector) fizeram-se ouvir. A experiência no lobbying, essa, traz ganhos de eficácia. “São os mais profissionais, trazem os