SÁBADO

SHenriques,

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ão 11h50 de segunda-feira, dia 20, e António Almeida

no seu gabinete na câmara de Viseu, de telemóvel colado ao ouvido, é um presidente de câmara em modo de emergência: “Dos bombeiros, quantos (camiões) estão? 45... E à tarde, quantos mais? Mas sem alterar o número de camiões já se conseguem os 4 mil m3/dia?” A Protecção Civil está a fazer transvases, com camiões, da barragem da Aguieira para a de Fagilde, que é suposto atingirem aquele valor por dia. Não está a acontecer. A chamada continua: “Nas medições que mandei fazer ontem não notei muito.” O nível da barragem não sobe e há uma explicação: “Acho que a água está a ser absorvida pela terra seca, têm de tentar fazer as descargas mais junto ao pontão, onde o leito é rochoso. Vejam isso, é importante.” Nessa manhã houve problemas com os camiões, que já atraem mirones: “Houve congestion­amento com o trânsito... Mas aí a GNR tem de fazer o seu trabalho.” Desliga finalmente a chamada. O presidente da câmara de Viseu tornou-se desde há mais de um mês o gestor de crise da maior operação de distribuiç­ão de água alguma vez realizada em Portugal. Recebe relatórios, quatro vezes ao dia, sobre a situação dos 106 camiões (32 da câmara, 15 a 20 das Águas de Portugal, 54 da Protecção Civil) envolvidos, e das validações da Administra­ção Regional de Saúde (nenhum camião pode distribuir água tratada sem estar em condições para tal, já que muitos transporta­vam antes outros produtos, como vinho). É uma missão inédita, em várias frentes, e de enormes dimensões. E que chamou a atenção para duas coisas: a seca e a hipó-

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