SÁBADO

CHEGUEI AO LOCAL CERTO NA HORA CERTA

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ENÓLOGO

Os números avaliam bem a dimensão do nome João Portugal Ramos: 600 hectares de vinha, 140 trabalhado­res e vinhos de cinco regiões com nomes que dispensam apresentaç­ão (Marquês de Borba, Duorum, Vila Santa, Quinta da Viçosa ou Loios). Começou tudo nos anos 80, quando corria o Alentejo como consultor enólogo. Estabelece­u-se em 1986 num ponto central, em Estremoz, onde hoje está a pujante Adega Vila Santa. João Portugal Ramos assistiu e foi protagonis­ta da grande viragem dos vinhos alentejano­s.

A casa que comprou em Estremoz estava literalmen­te em ruínas?

Completame­nte. Por acaso aproveitei algumas paredes, daquelas antigas, bonitas, em adobe. É a casa com a melhor vista de Estremoz. Talvez pela proximidad­e e pelo ângulo. Em 1989 decidi plantar vinhas à volta da casa, porque pensei que com a venda das uvas podia equilibrar as despesas da casa, era essa a lógica inicial.

Qual era o tamanho da vinha?

Seis hectares. Depois comecei a pensar fazer um vinho, mas não me sentia bem um vinho meu estar a concorrer com vinhos de pessoas com quem trabalhava. Foi assim que nasceu a marca Pingo Doce. Pensei, não vou fazer isto em meu nome, vai para o Pingo Doce.

A sua família tinha ligações a este mundo?

Ao vinho, sim. Ao Alentejo, não. A minha família é lisboeta. E portuense, do lado do meu pai. Mas desde sempre que venho para a caça para o Alentejo com o meu pai. Por coincidênc­ia, foi também o sítio onde comecei a trabalhar.

Quando fez a primeira prova?

Desde o início. Ia com o meu avô às vinhas. Lá em casa sempre tive um gosto apurado. Sou daltónico, portanto sempre tive o olfacto muito apurado. A minha mãe sempre me confiou a tarefa de escolher o vinho lá em casa. Desde muito novos que os meus filhos provam, todos nasceram neste ambiente. O João Maria seguiu mais as minhas pisadas, e também teve outras possibilid­ades de estudo. Eu decidi seguir esta actividade no meu terceiro ano de Agronomia. O João Maria já sabia que ia para vinhos quando entrou, depois especializ­ou-se lá fora. Esteve

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