SÁBADO

Dia 16, o novo álbum homónimo dos Linda Martini chega às lojas e a banda dá-o a conhecer ao GPS

O novo disco homónimo da banda da linha de Sintra, que é o quinto em 15 anos, foi gravado na Catalunha e chega às lojas no dia 16. Ao GPS, os quatro músicos falam do regresso às raízes no sucessor de Sirumba

- TEXTO MARKUS ALMEIDA

Àquinta vez, a rotina que antecede o lançamento de um novo disco de originais já não é nova para os Linda Martini. O novo álbum, homónimo, sai no dia 16 e os concertos de apresentaç­ão estão marcados para o Lux, a 15 e 16. As duas datas já esgotaram e falar com a imprensa – para completar a rotina – é o que eles têm feito neste dia frio de Fevereiro, em que se sentam à mesa com o GPS nas instalaçõe­s da Fábrica Musa, em Marvila, Lisboa. Cláudia (baixo), Pedro (guitarra), André (guitarra e letras) e Hélio (bateria) têm cara de putos, mas já são veteranos nesta coisa a que se dá o nome de rock português. “Se calhar por causa disso [da aparência] e da própria música, sempre se falou de nós como a nova banda”, aponta Cláudia. “Se calhar, para a consagraçã­o temos de fazer um álbum acústico”, acrescenta, porque o Coliseu dos Recreios, “esse Evereste do rock nacional” – onde “os Ornatos Violeta só foram quando regressara­m ao activo”, lembra Pedro –, já não é novidade para os Linda Martini, que o encheram em 2016, por alturas de Sirumba, e onde voltaram em Dezembro, então com The Legendary Tigerman.

Daí que seja outro o local escolhido para apresentar o álbum. “Em termos de consistênc­ia, a capacidade do Lux é uma sala mais parecida com as salas das outras cidades onde vamos tocar a seguir”, diz Hélio. A saber: esta digressão vai levar os Linda Martini a Arcos de Valdevez (17/2), Porto (23/2), Lousada (24/2), Ílhavo (3/3), Loulé (9/3) e Castro Verde (10/3).

Parece que não, mas já passaram 15 anos desde que decidiram formar uma banda e pedir o nome emprestado a uma amiga italiana a estudar em Lisboa, a Linda Martini. Quando lhes dissemos que íamos perguntar por algo a que provavelme­nte já respondera­m dezenas de vezes noutras entrevista­s, Cláudia interrompe abruptamen­te: “Quem é a Linda Martini!?” Não seria essa a questão, mas aproveitám­os a sugestão para puxar pela capa do novo disco. “Falei com a minha amiga Linda para usarmos uma fotografia dela na capa”, diz Pedro. Portanto, o nome da banda vem da amiga. O novo álbum tem o mesmo nome e na capa está uma fotografia dela. Será, então, este o álbum mais Linda Martini dos Linda Martini? E como reagirá o público a estas 10 novas canções? Embora de início renitente em entrar no campeonato de prognóstic­os, Cláudia arriscou um palpite: “Acho que vão gostar porque está mais próximo do Casa

Ocupada [de 2010], que foi um álbum que teve algum impacto e foi superbem recebido.” “Quando a Cláudia diz que está mais próximo do Casa Ocupada – diz, por sua vez, André –, é porque se calhar a memória mais recente que as pessoas têm é o disco anterior [Sirumba], no qual deliberada­mente amansámos um bocado a distorção e o barulho. O Casa

Ocupada eo Turbo Lento são discos mais agressivos, mais na cara, com as coisas mais no prego... Neste, voltamos um bocado a esse ambiente.” E Pedro remata: “O público vai pensar que o som está mais próximo do nosso registo ao vivo.”

Linda Martini é um disco de extremos: marca esse regresso a um som mais agreste, de riffs a rasgar e a pedir que se aumente o volume da aparelhage­m – oiça-se a furiosa Gravidade, que abre, literalmen­te, as hostilidad­es do álbum, ou a electrizan­te Boca de Sal, o segundo single – enquanto mantém um lado brando, em que André canta – mais do que é habitual nele – com trejeitos de António Variações, que, por sua vez, já se sabe, queria ser Amália Rodrigues. “Nunca procurámos uma ideia de fado eléctrico, nunca quisemos fazer um disco de fados, mas a verdade é que há qualquer coisa no nosso imaginário e na nossa forma de cantar e de conceber música em português que nos leva para esse caldeirão”, salienta Pedro. O disco resultou de duas residência­s artísticas (em Amares e na serra da Arrábida) e foi gravado na Catalunha, no estúdio de Santi Garcia. “Ele já tinha misturado e masterizad­o o Olhos de Mongol e masterizad­o o [EP] Marsupial, mas nunca tínhamos gravado efectivame­nte com ele”, explica Hélio. Como já tinham feito duas residência­s fora de Lisboa, os músicos acharam que faria sentido gravar o disco também fora: “O Santi partilha do nosso passado no punk e no hardcore e, ao mesmo tempo, já produziu muitas coisas diferentes disso, o que dá jeito, uma vez que nós também não fazemos necessaria­mente punk e hardcore.”

“O CASA OCUPADA EO TURBO LENTO SÃO DISCOS MAIS AGRESSIVOS, COM AS COISAS MAIS NO PREGO... NESTE, VOLTAMOS UM BOCADO A ESSE AMBIENTE”, DIZ ANDRÉ

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