SÁBADO

O Fantasport­o está de volta com a sua 38.ª edição e 112 filmes inéditos, com a Ética como tema nevrálgico

O Fantasport­o está de volta, estóico, com o orçamento mais baixo de sempre. A 38.ª edição, com a Ética como tema central, leva 112 filmes inéditos ao Rivoli, de 20 de Fevereiro a 4 de Março

- TEXTO FILIPA TEIXEIRA

Se há eventos incontorná­veis no Porto, um deles é, sem dúvida, o Fantasport­o. Pelo menos, desde 1981 – e não foge à regra na 38.ª edição, mesmo que fique marcada pelo “orçamento mais baixo de sempre”. Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira, da Cinema Novo, que o organiza, não esconderam o desencanto e descontent­amento perante este constrangi­mento, dizendo mesmo que “é fácil colocar o nome do Fantasport­o nos prémios lá fora, mas depois não existe um financiame­nto digno para o festival”, que este ano levou um corte de 40% face a 2017 e teve que se “arranjar” com menos de 100 mil euros. Contudo, e apesar desta situação “inaceitáve­l”, as perspectiv­as para esta edição – que arranca a 20 de Fevereiro com Marrowbone, do espanhol Sérgio G. Sánchez, e encerra a 4 de Março com o candidato belga aos Óscares para Melhor Filme em Língua Estrangeir­a (que não passou à lista de nomeados), Le Fidèle, de Michael R. Roskam – são positivas: “Pela resposta que temos tido das pessoas, acho que este ano vai haver maior adesão”, antevê Dorminsky, antes de afirmar que “o Fantas [como lhe chamam os fãs] está bem vivo”. Numa edição com 112 filmes inéditos, selecciona­dos de um total de 609 projectos inscritos (provenient­es de 60 países diferentes), os principais destaques – além das sessões de abertura e encerramen- to – são a megaproduç­ão russa Anna Karenina: Vronsky’s Story, do realizador Karen Shakhnazar­ov (já homenagead­o na edição de 2012) que terá honras de abertura para a selecção de filmes a competição, no dia 23 de Fevereiro. Também as antestreia­s mundiais dos filmes portuguese­s Uma Vida Sublime, de Luís Diogo, Aparição (a partir do romance de Vergílio Ferreira), de Fernando Vendrell, e Doutores Palhaços, de Bernardo Lopes e Hélder Faria, a par das antestreia­s de Al Asleyeen, do egípcio Marwan Hamed, e True Fiction, do sul-coreano Jin-Mook Kim, são outros destaques desta edição.

A “forte presença asiática”, uma das caracterís­ticas da programaçã­o de 2018, far-se-á sentir também na retrospect­iva da obra do cineasta Tso-Chi Chang, “o mestre do cinema realista de Taiwan”, e através de uma passagem pelos B-Movies feitos em Taiwan de 1979 a 1983 e que dão um olhar acutilante sobre a mudança de costumes resultante da separação deste Estado insular da República Popular da China. Num ano em que se celebram três décadas certas do clássico do terror britânico Dream Demon ,coma presença do realizador, Harley Cokeliss, a sessão, o Fantasport­o homenageia também Lauro António, cineasta, argumentis­ta e crítico com mais de 50 anos de carreira, que apresentar­á ao vivo a sua icónica primeira longa-metragem, Manhã Submersa (1980).

“É FÁCIL COLOCAR O NOME DO FANTASPORT­O NOS PRÉMIOS LÁ FORA, MAS DEPOIS NÃO EXISTE UM FINANCIAME­NTO DIGNO DO FESTIVAL”, ACUSA O DIRECTOR, MÁRIO DORMINSKY

 ??  ?? Marrowbone, filme de terror do espanhol Sérgio G. Sánchez, abre o festival no dia 20, às 21h15
Marrowbone, filme de terror do espanhol Sérgio G. Sánchez, abre o festival no dia 20, às 21h15
 ??  ?? Budapest Noir, de Éva Gárdos, é exibido duas vezes: quinta, 22, e sábado, 24
Budapest Noir, de Éva Gárdos, é exibido duas vezes: quinta, 22, e sábado, 24

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal