A obra de Júlio Pomar encontra-se com as de Sara Bichão e Rita Ferro, no Atelier-Museu com o seu nome
Amuletos, objectos da sorte e praia juntos no Atelier-Museu Júlio Pomar, em Lisboa. A obra do mestre encontra-se com a das artistas Sara Bichão e Rita Ferreira a partir de 15 de Fevereiro, em Chama
Um museu que se abre além da obra do artista que lhe dá nome: foi sempre este o propósito do Atelier-Museu Júlio Pomar. Depois de uma série de confrontos-diálogo com artistas veteranos (Julião Sarmento, Rui Chafes ou Pedro Cabrita Reis – em Outubro deste ano será a vez de Luísa Cunha), a obra de Pomar é agora exposta com novos artistas. Uma ideia que teve início com Tawapayera, comissariada por Alexandre Melo, que juntou Dealmeida Esilva, Igor Jesus e Tiago Alexandre ao trabalho do mestre. Desta vez, coube a Sara Bichão (1986) e Rita Ferreira (1991) entrar no espaço de Pomar. “Escolhi-as porque elas tratam de uma dimensão da arte à qual tem sido dado pouco destaque, que tem a ver com as forças viscerais, as pulsões – que no Pomar não são explícitas da mesma maneira, mas nós vemos que ela existe. A pintura dele é muito solar, nesse sentido de falar de vida e não de morte”, explica ao GPS Sara Antónia Matos, directora do Atelier-Museu Júlio Pomar.
No chão do museu, durante a montagem de Chama – que inaugura a 15 de Fevereiro –, Sara Bichão organiza algumas peças, enquanto, no piso superior, Rita Ferreira vai estendendo os seus desenhos (cerca de 50) na parede. Este conjunto está relacionado com um trabalho que apresentou antes, na Galeria Diferença, no qual visitou alguns curandeiros. “Recebia muitos papéis com serviços de curandeiros quando ia a caminho da faculdade [Belas-Artes, em Lisboa] e resolvi visitar uns quantos”, conta. Das visitas aos locais que “pareciam um consultório de dentista” conheceu alguns “pacientes” e pediu-lhes amuletos ou objectos da sorte. São esses amuletos, descontruídos pela pintura ao ponto de roçarem a abstracção, que estão em exposição. “Estas artistas não prendem as energias e, de certa maneira, o Pomar também sempre agiu assim. Há umas fotografias antigas em que ele aparece a esfarelar a tinta com o punho, em cima da tela. Ele pintava com o corpo e elas também trabalham com o corpo. Há artistas muito cerebrais, com um trabalho muito conceptual, mas elas deixam a intuição mandar”, adianta Sara Antónia Matos.
Além das obras de Sara Bichão e Rita Ferreira, estarão expostos trabalhos de Pomar que nunca foram vistos: umas gaivotas desenhadas em papel vegetal e uma série de desenhos da Costa de Caparica.
CHAMA JUNTA OBRAS DE SARA BICHÃO E RITA FERREIRA A INÉDITOS DE JÚLIO POMAR