A CASA “INFOTOGRAFÁVEL” DE SIZA VIERA
Siza – Uma Casa Habitada é a exposição que mostra o rasto do tempo e os sinais de habitabilidade remanescentes na Casa de Beires. A obra de Álvaro Siza Vieira, projectada em 1973, pode ser agora vista no Silo – espaço cultural, do NorteShopping, pelo olhar de Luís Ferreira Alves, em 14 fotografias de grande formato. A inauguração é no sábado, 17, às 18h, e inclui uma conversa entre o arquitecto e o fotógrafo, o qual já em 1986 tinha visitado a casa, na altura semicoberta por vegetação, ao ponto de Siza lhe ter dito: “Hei-de fazer uma casa infotografável.” Trinta anos mais tarde, Luís Ferreira Alves voltou à “Casa Bomba” – assim conhecida por ter uma das suas arestas simuladamente destruída por uma bomba imaginária – para penetrar na densa floresta que tomava conta do lugar e fotografar uma existência que já lá não estava. Não foi a ruína que o fotógrafo quis passar para a lente, mas sim as marcas deixadas no lugar ao longo dos anos pelas famílias que lá moraram e a maneira como o tempo e a natureza continuaram a esculpir a casa depois de a mão humana se ter retirado. Esta última visita deu origem ao livro Álvaro Siza/ Ferreira Alves – Casa Beires, editado em 2017 e a partir do qual o fotógrafo seleccionou as imagens desta exposição. Sobre este “projecto absolutamente original”, Nuno Malheiro Sarmento, curador do Silo – espaço cultural, destaca o “espanto de constatar” que reflecte, não só na “marca que as pessoas deixam ao habitar um espaço” mas também no “assombro diante da liberdade com que o tempo age, ao passar”.