O CÓDIGO É SOBREVIVER
Abriu em Lisboa um ginásio que tem um sistema de som e luzes para aumentar a intensidade das aulas de fitness e desportos de combate. Fomos experimentá-lo. Apresentamos-lhe o The Code.
A TORMENTA DOS GINÁSIOS assombra-me há muito. Nunca me foi fácil entender as viagens nas passadeiras sem estar ao ar livre, a busca pelos alteres mais pesados e – o supra-sumo da minha revolta – ter de trabalhar quase especificamente cada músculo do corpo. O ginásio sempre foi, portanto, um espaço de incógnitas para mim. De há uns anos para cá vim fazendo as pazes com estes locais, muito devido à crescente largura da minha anca. Foi tentando não alimentar preconceitos que recebi a notícia da abertura do The Code, junto ao Estádio Universitário, em Lisboa. Chegando lá percebi que não serviria de nada, de facto, ter levado os meus preconceitos para este ginásio. O The Code é diferente de tudo – tem apenas duas salas e nenhuma delas parece típica de um ginásio. O espaço não tem janelas, a iluminação é propositadamente escura e tem apenas três tipos de aparelhos. Mais: os balneários estão equipados com tudo aquilo de que precisa, até cremes hidratantes e água micelar. A sala Combust está equipada com 20 passadeiras – sem motor, funcionando apenas com a força do corpo – e caixas de treino funcional. Ana, a especialista, conduziu-nos com exercícios intercalados entre as passadeiras e as caixas. Tudo isto feito no escuro – só com leves luzes azuis, vermelhas ou amarelas – e com músicas escolhidas ao pormenor. Foi, aliás, pela música que Ana nos foi dando os exercícios. Na passadeira, gritava: mais rápido, força, costas direitas, aguenta, postura. E nós, aprendizes, seguíamos as suas palavras, ora com um ritmo mais rápido ora com a sensação de que subíamos uma montanha. Nas caixas, o cenário não era mais fácil: pesos livres, bolas medicinais, elásticos de resistência e kettlebells acompanhavam-nos nos agachamentos e exercícios de braço e pernas. O ritmo, esse, não abrandava. Passados os primeiros 20 minutos e já com os batimentos cardíacos na boca, seguimos para a sala Collide, com 40 sacos de boxe. Já com as luvas, a música bem alta, a aula recomeçou: direita, esquerda. Direita, esquerda, direita. Esquerda, direita, pontapé. Os murros tinham de ser fortes, dizia Ana. “O saco tem de mexer”, continuava. A intensidade revelou-se superior à capacidade dos meus braços, e nesta aula havia ainda pranchas, flexões e abdominais para fazer. No fim, já depois de suor (e algumas lágrimas, diga-se) veio o momento fun. A ideia era os alunos passarem dois minutos a fazerem com o saco de boxe aquilo que bem entendessem. Abracei-me a ele e fiz o que mais me apetecia: descansei. O The Code, que vai abrir um novo espaço também no Saldanha, em Lisboa, já este mês, tem aulas de 45 minutos diferentes todas as semanas (começando às 7h30 e terminando às 20h30). No sábado, tem ainda duas aulas de manhã. Os preços variam entre os €14 (apenas uma aula) e os €250 se optar pelo pacote completo.