Rui Miguel Tovar
A autobiografia de Guttmann, de 1964, inclui Costa Pereira, Germano e José Augusto no 11 ideal de jogadores treinados por si.
Guttmann foi um homem muito à frente. Ao estilo de Peyroteo, no sentido de escrever um livro autobiográfico. O do treinador húngaro data de 1964, já depois de uma sequência memorável de cinco títulos em anos seguidos entre FC Porto (campeão nacional em 1959) e Benfica (bicampeão nacional 1960 + 1961 e bicampeão europeu 1961 + 1962). Com tempo para exercitar a memória, Béla desenvolve a ideia do treinador mais bem pago do mundo. “Se dou sucesso e esgoto bilheteiras em todos os clubes, tenho direito a pedir muito dinheiro. Só aqueles que não têm muito a perder podem dar-se ao luxo de trabalhar por pouco dinheiro. Vai daí, nunca me permiti trabalhar barato. Já trabalhei de borla, ao serviço da selecção austríaca, agora barato nunca!” Quem fala assim não é gago. E a escrever? Também é mestre. Na eleição do 11 ideal dos jogadores treinados por si, Eusébio é banco. Veja lá o WM do homem. Na baliza, Costa Pereira (Benfica). Na defesa, Rudas (Ferencvaros), Germano (Benfica) e De Sordi (São Paulo). No meio, Bozsik (Honved) e Liedholm (Milan). Ao ataque, José Augusto (Benfica), Schiaffino (Milan), Nordahl (Milan), Puskás (Honved) e Canhoteiro (São Paulo). Como suplentes, Simões, Eusébio e Coluna.