Jogo de sombras no Museu do Chiado
Double Exposure, de André Alves, é um vídeo-poema que coloca uma viajante em diálogo com a sua sombra. Para ver a partir de 29 de Março, em Lisboa.
Uma viagem, mesmo quando feita isoladamente, tem sempre companhia: a da sombra do viajante. André Alves (Lever, 1981), artista português a viver entre o Porto e Gotemburgo, na Suécia, consegue através de um vídeo-poema com texto adaptado de Nietzsche, Der Wanderer und sein Schatten (O Viajante e a sua Sombra), mostrar a inquietude de uma viajante (interpretada por Cristina Regadas). Com a ajuda da realizadora Patrícia Viana de Almeida, narração de Benedikte Esperi e sonoplastia original produzida pelo colectivo sonoro Haarvöl, Alves mostra Double Exposure no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, em Lisboa, a partir de 29 de Março – depois de o ter criado de propósito para o Research Pavilion: The Utopia of
Access no âmbito da Bienal de Veneza de 2017. “No seu vídeo, André Alves passa da situação de diálogo (citando o texto original de Nietzsche) ao monólogo, de modo a transmitir essencialmente o ponto de vista da sombra, dando dessa forma atenção ao que não pode ser explicado ou transmitido na documentação da experiência, e conferindo presença a um mundo invisível, ao que se esconde, ao que não vemos, à existência do informe, ao que escapa a qualquer representação, mas que ainda assim contribui para um qualquer resultado”, explica a curadora Sandra Vieira Jürgens. Enquanto a viajante debate dilemas políticos, filosóficos, culturais, ideológicos ou identitários com génese na contemporaneidade (a voracidade da informação, as redes digitais ou a procura de visibilidade são exemplos de tópicos a abordar), a sombra vai criando resistência. Alves, que cria as suas narrativas a partir de montagens, coreografias e poemas visuais, expõe na sala Sonae.
DOUBLE EXPOSURE ADAPTA LIVREMENTE UM TEXTO DE NIETZSCHE PARA CRIAR UM DIÁLOGO. O VÍDEO ESTEVE NA BIENAL DE VENEZA 2017