SÁBADO

“Qualquer processo criativo é doloroso”

Elmano Sancho está embrenhado a escrever três textos. Num deles vai ser autor, encenador e actor. Em breve, estará na RTP com a série Três Mulheres

- Esta rubrica tem o apoio à produção da smart

TEM UM NOME POUCO COMUM que lhe foi dado pelo pai. “Elmano é, ao mesmo tempo, um anagrama de Manoel e também o nome de uma personagem do Bocage que ele usava, inclusivam­ente como pseudónimo”, conta o actor. A natureza pouco comum do nome já lhe valeu algumas confusões: “Já me chamaram Albano, Hernâni, Almeno... Tudo menos Elmano. Mas eu nunca me chateei com isso.” Elmano ganhou fama como actor e está no mundo artístico há alguns anos, mas neste momento tem investido mais na sua carreira de dramaturgo. Até agora tinha escrito textos a partir de improvisos com actores, mas decidiu começar a criar a partir “do nada”. E não está a facilitar a sua tarefa. É que não está a preparar nem um nem dois textos, mas três. Um deles será escrito, encenado e interpreta­do por Elmano e apresentad­o no Festival de Almada em Junho. Quanto aos outros textos, vai publicar sem saber se irá alguma vez encená-los, se serão entregues a outros encenadore­s ou deixados na gaveta. Apesar de todo o trabalho de dramaturgo, Elmano assegura que a sua natureza é a de ser actor, lembrando todo o percurso que traçou no último ano a interpreta­r trabalhos para outras pessoas: filmou uma longa-metragem de Hugo Diogo, baseado num texto de Pedro Paixão, actuou com a sociedade Ensemble, com o grupo Garagem e na série de Fernando Vendrell a estrear na RTP – Três Mulheres –, em que interpreto­u a personagem de Mário Cesariny. De momento não está a representa­r, mas focado nos textos que tem em mãos e isso torna-o um pouco solitário, porque para escrever não pode ter distracçõe­s: “Qualquer processo criativo é doloroso.” Depois de uma conversa de quase uma hora, em que Elmano Sancho foi sempre a controlar os espelhos laterais e os outros carros (“Mesmo neste lugar não consigo deixar de conduzir”, confessa entre risos), deixámo-lo no seu ponto de chegada ileso, de forma que pudesse voltar a trabalhar nos três textos que o têm feito bater com a cabeça nas paredes. Tem mais três meses até à estreia em Almada: “Vai correr tudo bem!”

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