OPERAÇÃO ENTEBBE TERRORISTAS E REFÉNS
k Hoje, sexta-feira, dia em que escrevo esta crítica, demorei duas horas até me lembrar qual era o filme que tinha visto na quarta. É uma síndrome comum a pessoas viciadas em ficção, como eu, mas é também uma sentença: há projectos que deslizam pela nossa imaginação e curiosidade sem nunca conseguirem deixar marca. Operação Entebbe, o novo filme do brasileiro José Padilha, entra nessa categoria, mesmo se retrata eventos verídicos com tremendo potencial dramático. Em 1976, dois revolucionários (ou terroristas, dependendo do ponto de vista) germânicos, em conjunto com outros dois membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina, sequestram um avião comercial que sai de Telavive. A nova rota arrasta os 150 reféns para o Uganda e, com a cumplicidade do lunático Idi Amin, começam a negociar a sua libertação com o governo Israelita – onde Simon Peres e Yitzhak Rabin organizam uma missão militar de resgate sem precedentes.
Operação Entebbe nunca é capaz de criar tensão. Tenta encontrar zonas cinzentas mas sofre da necessidade de sobreexposição, transformando o diálogo das suas personagens em constantes sentenças ideológicas ou políticas. Pa- dilha e Gregory Burke (o argumentista) cometem ainda o erro de tentar aproximar o filme de Munique, o impressionante filme de Steven Spielberg. A sequência final é cruzada com um (bem coreografado) espectáculo de dança que se transforma numa estranha e mal calculada celebração da violência final. Mas nem a acção é assim tão impressionante (longe disso) nem os destinos finais das personagens causam impacto. É, já se percebeu, esquecível.