SÁBADO

NOS BASTIDORES DO PORTUGAL FASHION

Estivemos no backstage do Portugal Fashion com Vasco Freitas, o seu director criativo há 11 anos – e ele tem “apenas” 34. Vi como se faz o maior evento de moda português e, curiosamen­te, saí de lá mais zen do que entrei

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CONFESSO QUE, quando me disseram que ia passar um dia nos bastidores do Portugal Fashion com o responsáve­l de quase todos os penteados do evento, fiquei um pouco apreensiva. Imaginei um cenário frenético de modelos a entrar e a sair a toda a hora, aquele ruído permanente de secadores, laca aspergida em quantidade­s astronómic­as e uma equipa de profission­ais totalmente focada em dar conta das mais de 100 cabeças que lhes passam diariament­e pelas mãos, portanto, sem vontade de aturar o meu voyeurismo jornalísti­co. Se juntarmos a isto o facto de, este ano, o Portugal Fashion ter saído do seu quartel-general na Alfândega do Porto para se instalar numa megatenda no Parque da Cidade, então a apreensão ganha contornos épicos. Felizmente, estava errada em quase tudo. O desafio da mudança de casa, confidenci­ou-me Mónica Neto, da organizaçã­o, antes do desfile de Anabela Baldaque, na White Room, “foi duro”, mas o resultado tinha superado as expectativ­as. Nos bastidores, excluindo as pequenas multidões peregrinas, que volta e meia apareciam, sabe-se lá de onde, reinava um caos organizado, portanto, não foi difícil fazer conversa, entre arranjos de bananas francesas impecavelm­ente lisas e acabamento­s masculinos com uma wax pomade Redken Brews. Na laca, contudo – e os olhos lacrimejan­tes não me deixaram enganar –, o meu prognóstic­o estava certo. “Facilmente passo das 60 latas, num Portugal Fashion”, admite Vasco, com uma, de 400 ml, na mão, a preparar um cabelo para o desfile de Beatriz Bettencour­t. Ao lado, três assistente­s munidos com todo o tipo de utensílios – ganchos, laca, shine flash... – prestavam auxílio, chegando a Vasco, qual cirurgião no bloco operatório, as ferramenta­s que pedia, em murmúrios firmes. Todos os seus gestos eram, aliás, pragmático­s, sem qualquer euforia ou descontrol­o, mas antes marcados por uma certeza lúcida de quem sabe exactament­e que aquele é o seu lugar no mundo: “Sinto-me como um peixe na água, não consigo stressar.” Para onde ia, seguiam-no membros da sua equipa, fosse para o ajudar com um cabelo mais rebelde, fosse para pequenos retoques na boca de cena, e de vez em quando juntavam-se todos numa roda, em pequenos grupos, para traçar a estratégia (afixada em vários painéis, ao longo das nove fileiras do camarim) dos desfiles seguintes: “Há uns meses reuni com todos os estilistas, um a um, e fiz 43 ensaios em dois dias.” Para ele, este é o maior desafio do Portugal Fashion: “Quase todos os criadores são meus amigos e desiludir os amigos é o pior que pode acontecer.” Para tal, conta com “os indispensá­veis” da Redken, como a gama para homem (champô 3 em 1 a €20,70, wax pomade a €26,82, por exemplo), e o spray de acabamento instantâne­o Quick Dry 18 (a €23,31) e as colorações City Beats, para mulher (só disponívei­s nos salões). Num último desabafo, antes de eu deixar para trás o backstage, Vasco aproveitou para confessar que, nos cabelos que lhe passam pelas mãos, seja em eventos internacio­nais ou no seu salão na Foz, não faz nada “que não fizesse a uma namorada”. Não duvidamos.

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