SÁBADO

O RASTREIO É A CHAVE PARA O TRATAMENTO

A tecnologia, nomeadamen­te com base na inteligênc­ia artificial, está ajudar a melhorar o rastreio da retinopati­a diabética. Em Portugal foi desenvolvi­do o Retmarker, uma metodologi­a de Inteligênc­ia Artificial que foi desenvolvi­da no AIBILI, e, num estudo

- Por: Filipe S. Fernandes

“O tratamento de diabetes é um pouco como um iceberg. Metade da população é diabética, se a que sabe é silenciosa, a que não sabe é pior”, diz João Figueira. “Por isso temos de encontrar fórmulas para encontrar precocemen­te as pessoas que são diabéticas e que não o sabem e trazê-los para o sistema de controlo e terapêutic­o para evitar mais tarde as complicaçõ­es”.

“A retinopati­a diabética tem uma fase geral, que existe em muitos doentes e que é a retinopati­a diabética não proliferat­iva, que é uma fase inicial e que não tem consequênc­ias para a visão. Não tem sintomas, tem umas queixas vagas, e, por isso, é enganosa para o doente. De repente, pode, em qualquer altura da sua diabetes, pode aparecer o edema macular e a retinopati­a proliferat­iva”, descreve José Cunha-Vaz, Coordenado­r, Secção de Retinopati­a Diabética e de Doenças Vasculares da Retina do EVICR.net.

Obrigação de rastreio

Mas para João Figueira, “é uma obrigação do sistema de saúde encontrar essas pessoas”. E este tem de encontrar modelos para fazer o rastreio. A monitoriza­ção da retinopati­a diabética consiste num controlo anual através de uma consulta oftalmológ­ica, o que tem um carga e um custo elevado tanto para o doente como para o sistema porque têm de ir a centros referencia­dos em oftalmolog­ia para fazer esse controlo.

Por outro lado, também o rastreio tinha uma estrutura pesada, como recorda João Figueira. “Países como os escandinav­os e o Reino Unido, por exemplo, desenvolve­ram um programa de rastreio de retinopati­a diabética. Estes baseiam-se em visualizar a retina, tirar uma fotografia que depois é analisada por pessoas com essa competênci­a, que vão fazer a classifica­ção e determinar quem tem retinopati­a e se tem necessidad­e de tratamento”.

O Retmarker

Em Portugal existe o Retmarker, uma tecnologia de Inteligênc­ia Artificial que foi desenvolvi­da no AIBILI, e, num estudo

independen­te inglês, foi comparada com outros sistemas e “foi a que teve melhor performanc­e”, referiu João Figueira. Desde 2011 que está instalado em algumas ARS do Centro e Vale do Tejo (2016) e estão a aplicar este sistema de classifica­ção automática. Faz a seriação de doentes e 85 a 90% dos doentes que vão a um rastreio, em média, não têm retinopati­a. Os restantes 10 a 15% em que foi detectada a doença são tratados por especialis­tas e estes decidem as que têm de ser tratadas que têm edema macular e retinopati­a diabética proliferat­iva.

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João Figueira, Médico Oftalmolog­ista, CHUC, AIBILI; Faculdade Medicina da Universida­de Coimbra

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