O RASTREIO É A CHAVE PARA O TRATAMENTO
A tecnologia, nomeadamente com base na inteligência artificial, está ajudar a melhorar o rastreio da retinopatia diabética. Em Portugal foi desenvolvido o Retmarker, uma metodologia de Inteligência Artificial que foi desenvolvida no AIBILI, e, num estudo
“O tratamento de diabetes é um pouco como um iceberg. Metade da população é diabética, se a que sabe é silenciosa, a que não sabe é pior”, diz João Figueira. “Por isso temos de encontrar fórmulas para encontrar precocemente as pessoas que são diabéticas e que não o sabem e trazê-los para o sistema de controlo e terapêutico para evitar mais tarde as complicações”.
“A retinopatia diabética tem uma fase geral, que existe em muitos doentes e que é a retinopatia diabética não proliferativa, que é uma fase inicial e que não tem consequências para a visão. Não tem sintomas, tem umas queixas vagas, e, por isso, é enganosa para o doente. De repente, pode, em qualquer altura da sua diabetes, pode aparecer o edema macular e a retinopatia proliferativa”, descreve José Cunha-Vaz, Coordenador, Secção de Retinopatia Diabética e de Doenças Vasculares da Retina do EVICR.net.
Obrigação de rastreio
Mas para João Figueira, “é uma obrigação do sistema de saúde encontrar essas pessoas”. E este tem de encontrar modelos para fazer o rastreio. A monitorização da retinopatia diabética consiste num controlo anual através de uma consulta oftalmológica, o que tem um carga e um custo elevado tanto para o doente como para o sistema porque têm de ir a centros referenciados em oftalmologia para fazer esse controlo.
Por outro lado, também o rastreio tinha uma estrutura pesada, como recorda João Figueira. “Países como os escandinavos e o Reino Unido, por exemplo, desenvolveram um programa de rastreio de retinopatia diabética. Estes baseiam-se em visualizar a retina, tirar uma fotografia que depois é analisada por pessoas com essa competência, que vão fazer a classificação e determinar quem tem retinopatia e se tem necessidade de tratamento”.
O Retmarker
Em Portugal existe o Retmarker, uma tecnologia de Inteligência Artificial que foi desenvolvida no AIBILI, e, num estudo
independente inglês, foi comparada com outros sistemas e “foi a que teve melhor performance”, referiu João Figueira. Desde 2011 que está instalado em algumas ARS do Centro e Vale do Tejo (2016) e estão a aplicar este sistema de classificação automática. Faz a seriação de doentes e 85 a 90% dos doentes que vão a um rastreio, em média, não têm retinopatia. Os restantes 10 a 15% em que foi detectada a doença são tratados por especialistas e estes decidem as que têm de ser tratadas que têm edema macular e retinopatia diabética proliferativa.