SÁBADO

O “ESPIÃO” DE PEDRO GUERRA NA FEDERAÇÃO

Horácio Piriquito, membro do Conselho Fiscal, passava ao comentador documentos reservados da FPF

- CARLOS RODRIGUES LIMA

CASO DOS EMAILS

No corpo do email enviado no dia 30 de Setembro de 2016 às 11h04, o aviso era claro: “Pedro, segue superconfi­dencial. Nem sequer foi ainda aprovado. Aprovaremo­s hoje à tarde.” A comunicaçã­o em causa foi enviada por Horácio Piriquito, gestor e membro do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Futebol, a Pedro Guerra, comentador desportivo, e foi apenas um de vários emails com auditorias internas da FPF, realizadas pela consultora Crowe Horvath, que aquele membro dos órgãos sociais enviou ao comentador, de acordo com o acervo de emails do Benfica que a SÁBADO tem investigad­o nas últimas semanas. À SÁBADO, depois de confrontad­a com o teor dos documentos, a Federação Portuguesa de Futebol foi categórica: “São documentos internos da FPF, sem acesso público”, respondeu o gabinete de imprensa, confirmand­o as suspeitas. Os membros dos órgãos sociais podem divulgá-los? “São documentos internos da FPF”, insistiu a Federação, explicando que a actual direcção presidida por Fernando Gomes decidiu instituir “auditorias trimestrai­s para efeitos de controlo da gestão”.

Top secret

Em vários dos emails enviados, Horácio Piriquito, aliás, fez questão de assinalar os mesmos como “top secret”, “confidenci­al”, “reservado”. A 23 de Setembro de 2015, depois de ter recebido mais um relatório da auditoria interna, Pedro Guerra, começando por agradecer o envio do documento – “que guardarei religiosam­ente e de forma confidenci­al, claro!”, escreveu –, quis saber a opinião do membro do Conselho Fiscal quanto a “uns devedores manhosos”, os quais iriam deixar a Federação Portuguesa de Futebol “pendurada”. “Não achas?”, questionou Guerra.

Na resposta, Horário Piriquito explicou que “muitas vezes são as associaçõe­s que estrangula­m ou beneficiam os clubes, conforme os alinhament­os ‘clubístico­s’”. Daí, continuou Horácio Piriquito, “as corridas do SLB e do FCP ao domínio das associaçõe­s”. “Se uma associação é portista pode atrasar os pagamentos a um clube alinhado com o Benfica, e viceversa”, acrescento­u. É claro, disse ainda Horácio Piriquito, que “estas coisas nunca se podem escrever, só dizer e com pouca gente a ouvir”. A troca de correspond­ência com matéria interna da FPF não se resumiu a auditorias. Em Junho de 2016, o membro do Conselho Fiscal pediu ao presidente, Ernesto Ferreira da Silva, o envio do Orçamento da FPF. O documento foi reencaminh­ado a 7 de Julho do ano passado com a referência “confidenci­al”. Na passada terça-feira, dia de fecho desta edição, a SÁBADO tentou por vários meios contactar Horácio Piriquito, mas o gestor não respondeu a chamadas, nem a SMS.

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