A Dona que abriu o livro da imprensa cor de rosa
Em 1990, se a memória não me trai, a TV Guia ea Nova Gente vendiam mais de 200 mil exemplares por edição. Uma tratava exclusivamente de televisão e a outra encontrara uma fórmula de êxito sui generis, entre temas de sociedade e a atualidade, com uma pitada de social. De tal modo, que o editor Jacques Rodrigues repetia o discurso a cada novo diretor que entrava – e era sempre a bombar: “Você aqui não mexe em nada, fecha isto todas as semanas tal e qual como está”. Sentindo que nenhuma daquelas publicações correspondia ao interesse do público pelos temas cor de rosa ,e vendo como esse mercado era já pujante em Espanha, lancei em março de 1992 uma revista semanal, a Dona. Recordo que os desaparecidos ardinas, que mandavam nessas coisas, reagiram mal ao novo título. Diziam que já carregavam peso a mais pelo Bairro Alto abaixo...
Mesmo assim, e sem dinheiro para marketing ,a Dona ia nos 40 mil exemplares quando comemorou o primeiro aniversário – com uma festa no Politeama, organizada por Carlos Castro, e a que nem Amália faltou. Mas no final de 1994, Balsemão lançou a Caras, com um poder editorial tremendo e uma ilha no Brasil incluída, e a Dona finou-se com as vendas a caírem para baixo dos 15 mil exemplares. Nada que já não me tivesse acontecido: antecipar-me e abrir o caminho a outros. Não me queixo, fez parte do que viria aseguir,éa vida.