SÁBADO

Hassan: o Sp. Braga, Manuel José e a ida ao Mundial

O avançado do Sporting de Braga é um dos convocados do Egipto para jogar com Portugal no dia 23, na Suíça. Hassan começou no Al-Ahly, com Manuel José, e chegou ao Rio Ave com 18 anos. Se for ao Mundial 2018 promete “dar tudo” pelo seu país.

- Por Rui Miguel Tovar

Ahmed Hassan Mohamed Abdelmonem Mohamed Mahgoub. Simplifiqu­emos, vá: Hassan. Avançado egípcio de recursos mil, entra em Portugal ainda como júnior, em 2011, e já é uma das referência­s exóticas do nosso campeonato.

Autor do primeiro golo europeu do Rio Ave e goleador do irresistív­el Sp. Braga na luta pelo terceiro lugar, Hassan (25 anos) é um dos convocados do selecciona­dor Héctor Cúper para o Portugal-Egipto, no dia 23 (sexta-feira). E agora? Basta uma troca de mensagens com o assessor de imprensa do Sp. Braga e, abracadabr­a, habemus Hassan na primeira pessoa.

Antes de chegar a Portugal, em 2011, o que é que conhecia de clubes e jogadores portuguese­s?

Sempre soube que em Portugal havia um bom campeonato e existiam grandes clubes como FC Porto, Sporting, Benfica e Sp. Braga. Considero também o Rio Ave um grande clube, o clube onde comecei a minha carreira em Portugal e onde aprendi muito… Além disso, conhecia o Cristiano Ronaldo, que era e continua a ser um exemplo para todos os jogadores.

Como egípcio, é de fazer uma pirâmide ao Manuel José?

O Manuel José é um grande treinador, que me ensinou muito antes de vir para a Europa [Hassan é formado no Al-Ahly, onde Manuel José ganha tudo e mais alguma coisa, como cinco Ligas dos Campeões Africanos]. E sim, ele é um rei no Egipto. As pessoas ficam malucas quando o vêem na rua.

Como é que foi lidar com o incêndio do seu apartament­o no dia em que comprou a PlayStatio­n? Os seus colegas ajudaram-no a superar esse momento?

Isso aconteceu nos primeiros meses em Portugal e não foi nada fácil porque não falava a mesma língua. Nessa altura, tinha falado com o meu pai que queria comprar a PlayStatio­n e ele enviou-me o dinheiro para a comprar. Pouco tempo depois, saí para o treino e, quando voltei, já estava tudo a arder. Contei ao meu pai e disse-lhe que tinha ficado sem nada aqui e queria voltar para o Egipto. Nessa altura, ele insistiu comigo e disse-me que se achava que ia ter tudo fácil então não ia chegar a lado nenhum. Que ti-

“Depois do incêndio [em casa]fiquei sem nada. Liguei ao meu pai e disse-lhe que queria voltar para o Egipto”

“Manuel José é um grande treinador. No Egipto, as pessoas ficam malucas quando o vêem na rua”

nha de ser forte, aguentar e passar pelas dificuldad­es para depois conseguir aquilo que me fez vir para cá e disse-me que tudo isto me ia ajudar. Depois, consegui fazer o primeiro contrato profission­al e fui para a equipa principal na altura em que o mister Nuno Espírito Santo era treinador.

Estabelece todas as épocas a marca dos 15 golos. Tem algum objectivo desse tipo para o Mundial, depois de marcar dois golos no Mundial sub-20 em 2013?

O meu treinador, Héctor Cúper, lutou muito connosco para chegar onde estamos agora e conseguir ir ao Mundial depois de 28 anos. Ainda ninguém foi escolhido, mas, se for ao Mundial 2018, o meu objectivo é dar tudo pelo meu país e tentar ajudar o máximo possível dentro de campo.

Em quatro jogos espalhados por dois Mundiais, o Egipto nunca ganhou. Num grupo com Rússia, Uruguai e Arábia Saudita, é desta a primeira vitória?

É um grupo forte, tal como todos os grupos no Mundial, e nenhum jogo vai ser fácil. Nós temos jogadores que querem fazer muito pelo seu país, vamos tentar ganhar jogos e ir o mais longe possível no Mundial.

Como é trabalhar com o guarda-redes El-Hadary, um homem com quase o dobro da sua idade? Já lhe marcou algum golo nos treinos?

É muito bom jogar com ele visto que é um exemplo para nós todos, tem aquela idade e ainda quer conquistar mais coisas. Sim, já fiz golos contra ele no treino e ele fica maluco porque como qualquer um não gosta nada de sofrer golos, mesmo nos treinos, mas também quando defende contra mim fica a gozar comigo e a dizer que não é fácil e fica de peito cheio a olhar para mim. Ele é muito engraçado.

Qual é o segredo para a força do Sp. Braga, terceiro melhor ataque do campeonato 2017/18?

Não há nenhum segredo, somos um grupo unido, focado e com um objectivo bem definido: o de entrar em todos os jogos para ganhar e dar tudo em campo. Faltam mais sete finais. No fim da época, fazem-se as contas e vemos em que lugar ficamos.

“O El-Hadary [guarda-redes do Egipto] é muito engraçado. Quando defende fica de peito cheio e goza comigo”

“Braga? Não há nenhum segredo. Temos um objectivo bem definido: entrar em todos os jogos para ganhar”

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Hassan, 25 anos, fez 13 jogos pela selecção principal do Egipto. Já foi apontado a Sporting e Benfica

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