SÁBADO

Futebol

Todos sonham em entrar para a história, como aconteceu com Naval, Gondomar ou Torreense. A festa da Taça de Portugal já começou e chega a Vila Real, Loures e Sertã.

- Por Carlos Torres e Rui Miguel Tovar

Quem são os três potenciais tomba-gigantes da Taça de Portugal

AMoreiraté parecia que Cristiano

estava a adivinhar. “Na véspera do sorteio da Taça de Portugal estive a ver no YouTube o nosso jogo contra o FC Porto, em 1991/92, e depois saiu-nos o campeão nacional. Que coincidênc­ia”, conta à SÁBADO o vice-presidente do Vila Real para o futebol. A equipa da distrital quer vencer o FC Porto esta sexta-feira, 19, no complexo do Monte da Forca, e fazer história, pois nunca uma equipa do 4º escalão eliminou um dos grandes – os maiores escândalos acontecera­m com equipas do 3º escalão, o Tirsense frente ao Sporting (1948/49), o Gondomar diante do Benfica (2002/03), e o Atlético face ao FC Porto (2006/07).

No Vila Real, todos os jogadores são amadores, recebendo do clube 250 euros por mês “para ajudar nas despesas” com gasolina ou chuteiras. “Temos várias profissões: um picheleiro, um engenheiro civil, um barbeiro, um que trabalha num restaurant­e, um que lava carros, e até um que faz caixões, quem sabe se não faz o funeral ao FC Porto”, brinca Moreira. Será a sexta vez que as duas equipas se defrontam. As duas primeiras acontecera­m no Campeonato de Portugal (precursor da Taça), e terminaram com goleadas dos portistas (10-0 em 1926, com oito golos de Hall, e 13-1 em 1928, com mais dois golos de Hall). As outras foram para a Taça de Portugal, sempre com vitórias do FC Porto. A última, a 15 de Dezembro de 1991, em Trás-os-Montes, acabou com 4-0 e o último golo foi de Toni, campeão do mundo sub-20 em Lisboa. “Ainda tenho a camisola dele lá em casa, foi o meu pai que ma arranjou”, lembra Cristiano Moreira, que acredita numa surpresa. “O FC Porto não deve jogar com os internacio­nais, como Marega, Militão, Corona, que só chegam das selecções na quinta-feira. E a seguir ao jogo da Taça vão ter uma deslocação complicada a Moscovo, para a Champions. Isso pode funcionar a nosso favor”, comenta, embora destaque as “realidades completame­nte diferentes”. “Temos jogadores que não vão conseguir dispensa ou meter férias, vão-se levantar às 6h30, 7h, vão trabalhar e ao fim do dia defrontam o campeão nacional.”

“Mas todos os anos há uma equipa-sensação, esta época podemos ser nós”, comenta Cristiano Moreira, que aponta como prioridade subir de divisão, depois de quatro épocas na distrital. “Tivemos problemas financeiro­s, mas agora queremos crescer e alcançar os campeonato­s profission­ais. Seria importante para a cidade o clube chegar à II Liga.”

Sertanense: 8 equipas da I Divisão

“O Sertanense-FC Porto já é quase um clássico da Taça”, brincava, em 2009, Paulo Farinha, presidente do clube, depois de ter calhado os portistas pela terceira época consecutiv­a. Os dragões ganharam sempre por 4-0, duas vezes na Sertã e uma no Porto. Agora, foi a vez do Benfica. Só que o jogo, no dia 18, não se vai disputar na vila do distrito de Castelo Branco, mas em Coimbra, pois o relvado não estava em boas condições. “Vieram cá responsáve­is do Benfica e da Federação e deram um parecer negativo. O piso não está fantástico, depois de cinco meses sem chuva, e mesmo adiando o nosso jogo do campeonato, contra o Sintrense, não tínhamos tempo para o recuperar”, lamenta à SÁBADO Paulo Farinha, que critica a FPF por apenas ter realizado o sorteio da Taça 10 dias após a última eliminatór­ia. “A festa da Taça continua a ser do povo da Sertã, que bem a merece, depois de tudo o que sofremos com os incêndios do ano passado.” O clube, com o apoio da autarquia, vai disponibil­izar autocarros para os adeptos se deslocarem ao estádio de Coimbra. Paulo Farinha realça que desde que é presidente do Sertanense, há 14 anos, é a oitava vez que defronta clubes da I Divisão na Taça. Sorte? “Não, trabalho e dedicação”, diz. “Só há equipas da I Divisão na 3ª eliminatór­ia, portanto, é preciso passar as duas primeiras. E nos últimos 10 anos, só não o conseguimo­s uma vez.”

Há 10 épocas consecutiv­as no 3º escalão nacional, o Sertanense não pretende subir à II Liga. “Não temos capacidade para ter uma equipa profission­al. Aliás, este jogo com o Benfica veio comprovar isso mesmo.”

DEVIDO AO MAU ESTADO DO RELVADO, O SERTANENSE-BENFICA DISPUTA-SE NO ESTÁDIO DE COIMBRA

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