Contra o preconceito
PEDRO GRANGER E GONÇALO DINIZ SÃO CASAL GAYEM NOVELA DA TVI
Os actores serão Dinis e Manuel, casados e com o desejo de terem um filho, recorrendo a uma barriga de aluguer. Ambos prometem fazer história na televisão: “Temos muita química”
No dia em que completou 38 anos, Pedro Granger recebeu um presenteespecial. “Quando acabou A Impostora, a Maria João Mira [guionista] disseque meia escrever um papel. Eé bom ter uma autora do seu calibre a preparar um papel só para mim. Estou muito agradecido e feliz”, revelou, à TV Guia, o actor, na apresentação de A Herdeira, da TVI. No enredo, Pedro Granger será Dinis Videira, advogado de origens humildes e que luta por causas e ideais nobres. É um homossexual assumido e casado com Manuel Araújo [Gonçalo Diniz], também um homem do Direito. Juntos vão querer selar o casamento com o nascimento de um filho. Como? Recorrendo a uma barriga de aluguer. Maria João Mira explica: “Esta não é uma história de um casal gay que sai do armário, isso não se coloca. Eles são assumidos, casados e querem ser pais. A ideia é trabalhar a história de uma barriga de aluguer, só que em vez de ser um casal heterossexual é num homossexual.” E, apesar de tal só ser permitido em Portugal, no caso particular de uma mulher querer ser mãe mas não ter útero, impedindo-a de conceber, o casal homossexual de A Herdeira vai levar até ao fim o seu desejo .“Há muitas coisas que não são permitidas e fazem-se…”, desvenda a guionista.
É PRECISO AMOR
Quem também está satisfeito com o papel que lhe foi atribuído é Gonçalo Diniz. “Foi uma proposta cativante e interessante. Como papel, a meta que me propuseram na TVI é muito digna. Aqui trata-se da questão dos filhos e das hipocrisias que existem nessas escolhas”, afirma o actor, elogiando Granger. “Somos colegas há anos e temos muita química e admiração mútua, o que facilita o trabalho, claro.” G ranger, por seu lado, considera ser importantechamara atenção para uma causa particular: ade um filho precisar de amor ,“seja de quem for”. E vai mais longe, naquelas que são as suas próprias convicções e que o ajudam a compor a personagem. “Quando se fala de uma família tradicional, fala-se de quê? Há tantas famílias tradicionais que são disfuncionais! Há mães solteiras, pais solteiros. Há quem tenha duas mães, há quem tenha dois pais. Há quem não tenha nenhum.Éprec is oé amor”, finaliza o actor que, desde criança, está ligado às Aldeias SOS, um projecto de apoio acrianças que perderam, ou estão em risco de perder, as figuras parentais.