A CULPA FOI DO TROVÃO ou ‘alguém’ meteu a mão
O Governo mantém a tese da trovada seca com raio que espalhou o fogo em Pedrógão Grande, mas o presidente da Liga dos Bombeiros fala em fogo posto. Famosos e milhares de cidadãos confortam quem mais precisa, com gestos de solidariedade
OGoverno decidiu explicar os violentos incêndios de Pedrógão Grande, ocorridos no sábado, dia 17, com a teoria das trovoadas secas e de um tornado que espalhou as chamas a alta velocidade, não dando a bombeiros ou populares qualquer capacidade de resposta. Todavia, já há responsáveis a questionar essa tese. Um deles é Jaime Marta Soares. Para o Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, a “culpa não é do raio”, mas, sim, de um ser humano. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) explicou os fogos com a descrição de um fenómeno raro de vento que ajudou a propagar o incêndio, a que chamou Downburst – que explica como sendo “um vento de grande intensidade que se move verticalmente em direcção ao solo, onde sopra de forma radial em todas as direcções”, gerando uma dinâmica anormal entre incêndio e instabilidade climatérica. Além das dúvidas deste responsável máximo pelas estruturas das corporações de bombeiros, também a apresentadora Júlia Pinheiro afirmou, no seu programa matinal na SIC, Queridas Manhãs, sentir-se enganada pelas autoridades nacionais. A também directora da estação de Carnaxide juntou a sua voz à de Hermâni Carvalho, o comentador de assuntos criminais no programa, para defender que o Governo e as autoridades responsáveis pela Protecção Civil “não estão a contar tudo”.
Então, se não estão a contar tudo, qual é a verdade que falta revelar? Júlia Pinheiro e Hernâni Carvalho deslocaram boa parte da emissão de terça-feira, dia 20, do Queridas Manhãs para Pedrógão Grande e dizem agora estranhar o que ouviram no terreno. No rescaldo do fogo, na quarta-feira, Júlia Pinheiro mostrou-se mesmo indignada com as informações que os portugueses têm recebido das autoridades e levanta, apoiada pelo comentador Hernâni Carvalho, muitas suspeitas: “Temos o direito de ser informados e não nos estão a contar tudo. Após o dia de ontem [terça, 20] passado no terreno, eu só tenho uma coisa para dizer: não estão a contar tudo. Eu e o Hernâni estamos desde ontem a tentar fazer contas e as contas que fizemos não batem certo com os números oficiais. [...] Quando começamos a fazer as contas todas, não são 64 mortos, são mais”, jurou a apresentadora, enquanto que o comentador acrescentava: “A PJ não sai do terreno por alguma razão. Porque é preciso confirmar identidades e ir a sítios onde ainda não se foi.”
BOMBEIRO NÃO ACREDITA NO “RAIO”
Quem também não se resignou com o que lhe foi transmitido por fonte oficiais foi o Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses. Jaime Marta Soares não tem dúvidas quanto ao início do fatídico incêndio: “Tenho a convicção de que não foi um raio que deu origem ao incêndio”, defendeu, frisando ter “a convicção de que a trovoada que se sentiu foi bastante mais tarde do que o início do incêndio”.
Em declarações à SIC Notícias, o presidente da Liga dos Bombeiros explicou que “as horas não coincidem”. “O início do incêndio foi cerca das 15:00 e a trovoada foi mais tarde, quando o incêndio já tinha atingido grandes proporções”, declarou, explicando ainda as razões porque acredita que estes incêndios tiveram mão criminosa: “Já havia situações anteriores que levavam à suspeição naquela zona, havia situações que eram completamente anormais e algumas ignições que foram registadas.”
Jaime Marta Soares pede agora que o Governo tenha coragem para fazer “um estudo profundo, para não se escamotear nem se esquecer de apurar todos os pormenores que permitam que estas coisas se esclareçam. Com toda a verdade”, desafiou, repetindo acreditar que “o incêndio teve origem em mão criminosa.”
Estas declarações de Jaime Marta Soares já desencadearam reacções e os responsáveis pela Polícia Judiciária (PJ) decidiram tornar pública a intenção de ouvir o Presidente da Liga, a fim de registar com informações sustentadas as suas suspeitas.
FAMOSOS EM CAMPO
No momento em que o fogo começou a lavrar descontrolado no terreno, muitas foram as pessoas que deixaram a sua marca nas redes sociais. Os que lamentaram e os que deram o corpo às chamas e avançavam para o combate às labaredas. Telmo Ferreira, o serralheiro que ficou famoso pela sua participação no reality show Big Brother 1, na TVI, é bombeiro voluntário na Batalha e foi um dos intervenientes no combate. “A caminho do inferno”, escreveu na legenda da imagem que colocou na rede social Facebook.
A mulher, Célia, também ex-BB1, partilhou a imagem do marido fardado de partida e acrescentou-lhe uma mensagem: “Deixo uma palavra solidária aos familiares das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande. Um enorme apreço e agradecimento a todos os bombeiros que arriscam a vida para salvar outras vidas e bens. Telmo, tem cuidado e mantém-te seguro.”
O barbeiro Nuno Jesus, concorrente portuense da Casa dos Segredos 6, igualmente na TVI, também foi ajudar nos fogos e meteu a fotografia no Facebook. A ex-concorrente Agnes Arabela, da Casa dos Segredos 5, também deu a sua opinião nas redes sociais sobre o drama dos incêndios de Pedrógão Grande, criticando duramente os bombeiros: “Os heróis elogiam-se quando salvam vidas, não quando acontecem tragédias e morre toda a gente envolvida. Por mim, as prioridades andaram trocadas. Enfim, para próxima façam melhor.”