Cansado de Espanha
O futebolista sente-se perseguido e confidencia que gostava de trabalhar noutro país, porque em Madrid só teve problemas com as autoridades. Ainda assim sabe o potencial de Espanha e vai abrir um hotel
Foi com educação e respeito, pelo trabalho do tribunal, mas visivelmente agastado com o que lhe está a acontecer, que Cristiano Ronaldo respondeu a todas as questões colocadas quer pela juíza, Mónica Ferrer, quer pelo representante da ‘Hacienda’, as finanças espanholas. “Não sei o que estou aqui a fazer”, desabafou Ronaldo, a páginas tantas. O interrogatório foi muito insistente. Por diversas ocasiões, e de formas variadas, Ronaldo foi questionado sobre a forma como os seus rendimentos eram declarados às finanças e sobre se sabia como eram distribuídos, entre salário efectivo e direitos de imagem. E, ainda dentro dos direitos de imagem, se sabia que estes eram sujeitos a diferentes tributações. “É diferente colocar uma estampa num cromo ou fazer uma grande campanha publicitária”, explicou-lhe a juíza. Perante as palavras de Mónica Ferrer, o internacional português reiterou: “Só tenho de me preocupar com o que recebo líquido. Digo: ‘Jorge, vou para o Real, quero receber um milhão. Valores líquidos, entende. Líquido. Interessa-me o que cai na minha conta bancária”. Sinceramente angustiado, perante a repetição de questões que parecia não entender, por serem demasiado técnicas, Ronaldo acrescenta: “Não pode haver um delito da minha parte porque eu sempre quis ser honesto. A minha ética é a de pagar o que é devido, em função do país. E eu paguei, em 2014”.
Cristiano Ronaldo, questionado sobre o papel do agente Jorge Mendes, fez questão de inocentar o homem que é, também, padrinho de Cristianinho, de sete anos. “Ele não tem maldade nenhuma. É honesto”. E volta a reclamar que, nem ele nem Jorge Mendes, têm estudos. E, como tal, confiam nos “especialistas” que tratam dos assuntos com as finanças e outros temas relacionados com a Justiça. “Eu tenho o 6.º ano de escolaridade e o Jorge deve ter o 5.º ou o 6.º ano. É como eu”.
NÃO DESISTE DO MERCADO ESPANHOL
Cristiano Ronaldo teve alguns momentos em que demonstrou, de forma clara, sentir-se acossado. Numa das ocasiões, manifestou incómodo com o calor. E pediu permissão para tirar o casaco. “Posso tirar o casaco? É que não sei se posso. Não quero parecer mal”. Durante o interrogatório, que durou cerca de hora e meia, foilhe também perguntado sobre a gestão da sua carreira noutros países, nomeadamente em Portugal e em Inglaterra. Ronaldo subiu ao escalão sénior do Sporting no final da adolescência, por isso, encolheu os ombros e disse: “Um rapaz de 16 ou 17 anos não está preocupado com finanças. Que quer que lhe diga?” .Jáem relação à gestão dos dinheiros, quando estava no Manchester United, onde chegou com 19 anos, Ronaldo afirmou: “Nunca tive problemas em Inglaterra. Por isso digo que gostava de voltar”, desabafou, com voz ténue.
Ainda assim, Ronaldo não desvaloriza as oportunidades de negócio no país vizinho. Por isso, além de já ser sócio de um restaurante em Ibiza, o Tatel, irá investir num hotel CR7. A notícia foi confirmada pelo próprio Grupo Pestana, o parceiro do craque nos hotéis com a sua marca.