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Cansado de Espanha

O futebolist­a sente-se perseguido e confidenci­a que gostava de trabalhar noutro país, porque em Madrid só teve problemas com as autoridade­s. Ainda assim sabe o potencial de Espanha e vai abrir um hotel

- TEXTO ISABEL LARANJO | FOTOS COFINA MEDIA E D.R.

Foi com educação e respeito, pelo trabalho do tribunal, mas visivelmen­te agastado com o que lhe está a acontecer, que Cristiano Ronaldo respondeu a todas as questões colocadas quer pela juíza, Mónica Ferrer, quer pelo representa­nte da ‘Hacienda’, as finanças espanholas. “Não sei o que estou aqui a fazer”, desabafou Ronaldo, a páginas tantas. O interrogat­ório foi muito insistente. Por diversas ocasiões, e de formas variadas, Ronaldo foi questionad­o sobre a forma como os seus rendimento­s eram declarados às finanças e sobre se sabia como eram distribuíd­os, entre salário efectivo e direitos de imagem. E, ainda dentro dos direitos de imagem, se sabia que estes eram sujeitos a diferentes tributaçõe­s. “É diferente colocar uma estampa num cromo ou fazer uma grande campanha publicitár­ia”, explicou-lhe a juíza. Perante as palavras de Mónica Ferrer, o internacio­nal português reiterou: “Só tenho de me preocupar com o que recebo líquido. Digo: ‘Jorge, vou para o Real, quero receber um milhão. Valores líquidos, entende. Líquido. Interessa-me o que cai na minha conta bancária”. Sinceramen­te angustiado, perante a repetição de questões que parecia não entender, por serem demasiado técnicas, Ronaldo acrescenta: “Não pode haver um delito da minha parte porque eu sempre quis ser honesto. A minha ética é a de pagar o que é devido, em função do país. E eu paguei, em 2014”.

Cristiano Ronaldo, questionad­o sobre o papel do agente Jorge Mendes, fez questão de inocentar o homem que é, também, padrinho de Cristianin­ho, de sete anos. “Ele não tem maldade nenhuma. É honesto”. E volta a reclamar que, nem ele nem Jorge Mendes, têm estudos. E, como tal, confiam nos “especialis­tas” que tratam dos assuntos com as finanças e outros temas relacionad­os com a Justiça. “Eu tenho o 6.º ano de escolarida­de e o Jorge deve ter o 5.º ou o 6.º ano. É como eu”.

NÃO DESISTE DO MERCADO ESPANHOL

Cristiano Ronaldo teve alguns momentos em que demonstrou, de forma clara, sentir-se acossado. Numa das ocasiões, manifestou incómodo com o calor. E pediu permissão para tirar o casaco. “Posso tirar o casaco? É que não sei se posso. Não quero parecer mal”. Durante o interrogat­ório, que durou cerca de hora e meia, foilhe também perguntado sobre a gestão da sua carreira noutros países, nomeadamen­te em Portugal e em Inglaterra. Ronaldo subiu ao escalão sénior do Sporting no final da adolescênc­ia, por isso, encolheu os ombros e disse: “Um rapaz de 16 ou 17 anos não está preocupado com finanças. Que quer que lhe diga?” .Jáem relação à gestão dos dinheiros, quando estava no Manchester United, onde chegou com 19 anos, Ronaldo afirmou: “Nunca tive problemas em Inglaterra. Por isso digo que gostava de voltar”, desabafou, com voz ténue.

Ainda assim, Ronaldo não desvaloriz­a as oportunida­des de negócio no país vizinho. Por isso, além de já ser sócio de um restaurant­e em Ibiza, o Tatel, irá investir num hotel CR7. A notícia foi confirmada pelo próprio Grupo Pestana, o parceiro do craque nos hotéis com a sua marca.

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nos seus assessores financeiro­s. O craque mostrou-se incomodado ao ver-se perante o tribunal, algo inédito na sua vida. Questionad­o sobre o papel de Jorge Mendes,
Ronaldo inocentou o compadre.
Ronaldo reafirmou, diversas vezes, confiar nos seus assessores financeiro­s. O craque mostrou-se incomodado ao ver-se perante o tribunal, algo inédito na sua vida. Questionad­o sobre o papel de Jorge Mendes, Ronaldo inocentou o compadre.

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