TV Guia

O segredo da amiga misteriosa

Célia Tavares andou desapareci­da mas o Ministério Público interrogou-a. Em causa estão conversas sobre “garrafas de vinho” que acabaram “num envelope” :A mulher confirma ter recebido “ajuda em dinheiro”. Sócrates também lhe terá proporcion­ado outros bens

- TEXTO ISABEL LARANJO FOTOS COFINA MEDIA

Célia Tavares era vendedora numa b ou tique de luxo, frequentad­a pela mãe de José Sócrates, na zona do Marquês de Pombal, quando conheceu o antigo primeiro-ministro, em 2009. A relação sempre foi intermiten­te e, sobretudo, discreta. A ponto de ninguém saber dela, a não ser o círculo mais chegado de Sócrates e que incluía o amigo Carlos Santos Silva, que supostamen­teempresta­va avultadas quantias de dinheiro a José Sócrates, o que fezespolet ar todo o Caso Marquês.

A dada altura, a mulher, que vivia de forma bastante humilde, mudou de vida. “Sempre teve a mania que era tia. Até que se despediu”, conta um antigo colega de trabalho de CéliaTavar­es,à TV Guia. “Na altura, não entendemos bem o que é que tinha acontecido, porque ela não era má funcionári­a”, concretiza. Afinal, sabe-se agora, Célia acabou por se dedicar, com mais tempo, ao curso de Direito, na Universida­de de Lisboa. E, como vem agora a público, receberia supostas ajudas regulares por parte de José Sócrates.

Célia Tavares, cuja última residência conhecida situa-sena zo nada Picheleira, em Lisboa,foi chamada a depor pelo Ministério Público, no âmbito do Caso Marquês. Assumiu conhecer Rita, a empregada doméstica de Maria Adelaide, mãe do antigo governante, e confessou ter-se encontrado coma mulher, em Maio de 2014. Rita foi, segundo Célia, ter consigoàfa­cul da depa ralhe entregar mais “uma ajuda”.

Perante isto, o Inspector Paulo Silva, também presente durante a audiência, colocou em cima da mesa o que parecia já saber de antemão. “Levar a ajuda? Era ajuda ou era alguma coisa que era preciso dar em troca?”, questionou, perante o tribunal, como se pode ler em reportagem da revista Sábado. Célia Tavares reafirmou ser“ajuda ”. “Não, era ajuda. Como assim, alguma coisa que tem que se entregar em troca?”.

É então que surge a conversa intrigante sobre garrafas de vinho postas dentro de envelopes. “O Sr. Eng. tinha-lhe pedido ‘umas garrafas de vinho’. Entregou? Tem alguma especialid­ade na área dos vinhos?” Célia Tavares mostrou-se espantada co masques-

tões, aparenteme­nte desproposi­tadas, do inspector, e foi sempre negando tudo. Apenas reiterou que recebia dinheiro, regularmen­te, do amigo com quem chegou a ter intimidade.

EMPREGADA CONTRADIZ AMANTE

Rita Gomes, a empregada doméstica da mãe de Sócrates, também foi ouvida. E acabou por contradize­r Célia. Afinal, não seriam garrafas de vinho. A angolana terá ido ao tal encontro com Célia efeito a alegada trocada “ajuda” por um envelope. Quanto ao conteúdo: “Acho que eram medicament­os”. Mas a angolana insistiu: “Não abri para ver. Deu-me a impressão que...” Rosário Teixeira, o conhecido Procurador do MP, quis saber se aquele tinha sido o único encontro entre Rita e Célia. A empregada doméstica confirmou ter sido encontro único mas negou ter dado algo emtroca(atal “ajuda” )à estudante de Direito. Então, para que serviria o conteúdo do envelope? O inspector Paulo Santos questionou :“O Sr. Eng. estava doente, nesse dia?” Amulherret­orquiu: “Acho que era por causa da tensão”. Célia, por sua vez, tentou justificar­as conversas sobre“garrafas de vinho ”.“Por vezes, ao fim-de-semana, quando jantava com o Sr. Eng., portanto, não jantávamos fora, cá em Lisboa ou mesmo fora, também não. Comíamos em casa, por ser (...) uma figura pública. (...) fazia as compras take away e levava uma garrafa”, afiançou a mulher, perante as autoridade­s.

 ??  ?? DE POLÍCIA
DE POLÍCIA
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal