Abandonada
Chamada a minimizar os estragos provocados pelas acusações públicas de Manuel Maria Carrilho sobre alegado alcoolismo ou má reputação como mãe, restou à agente desistir de procurar trabalho para a apresentadora. “Bárbara é um território complexo”, assume
Quando Bárbara Guimarães deu o tiro de partida para denunciar que teria sido vítima de violência doméstica por parte do ex-marido, Manuel Maria Carrilho, sabia que a decisão traria consequências nefastas para a sua carreira televisiva. Só desconhecia a amplitude dos estragos. E que estragos! Alertada pelo amigo de infância Rodrigo Guedes de Carvalho, o escritor e jornalista da SIC, de que esse ato de coragem poderia representar o fim da sua carreira enquanto estrela maior da televisão nacional, Bárbara estava contudo longe de adivinhar o calvário que teria de percorrer ou de saber quem lhe voltaria as costas – fosse no seu núcleo restrito, fosse no seio da opinião pública. A SIC, que apareceu a apoiá-la numa fase inicial, rapidamente chutou a gestão nos danos de imagem da estrela da estação para uma empresa especializada, a Notable, que, doravante, passaria a aplicar paliativos nas feridas resultantes dos estragos que, semanalmente, Manuel Maria Carrilho, com entrevistas e declarações públicas depreciativas sobre a mulher, provocaria na vida e nos negócios da apresentadora.
Uma das profissionais que assumiu a responsabilidade gigante de cuidar da imagem e de gerir a carreira de Bárbara foi Inês Mendes Silva, a assessora que hoje em dia também tenta manter a boa imagem pública de figuras como Cristina Ferreira ou do ator Pedro Teixeira. Chamada pela apresentadora em apuros na SIC a depor em tribunal, como o objetivo de explicar aos magistrados como todo o escândalo amarrotou e deixou vincos irreversíveis na sua reputação, Inês Mendes Silva relatou como a imagem ventilada de “alcoólica e má mãe que abandona os filhos” levou à ruína qualquer salvação para a “marca” glamorosa dos velhos tempos de “Bárbara, a estrela da SIC”.
MARCAS CANCELAM NEGÓCIOS
“A relação da Bárbara com a L’Óreal estava cada vez mais distante. Em Abril de 2014 fiz uma abordagem à marca no sentido da renovação do contrato e o ‘feedback’ não foi positivo. Mostraram insegurança e desinteresse em relação à Bárbara porque de cada vez que ela ia a um evento deles as perguntas eram todas sobre a sua vida privada”, esclareceu a ex-agente perante a juíza Joana Ferrer Antunes, a titular do processo. Questionada sobre outros negócios da apresentadora, Inês Mendes Silva avançou com a descrição de um cenário catastrófico para quem tentava desempenhar as suas funções: “Quando propunha a Bárbara, os clientes diziam-me que era um território complexo e preferiam ficar em ‘stand by’. Recordo-me que a Mimosa queria contratar a Bárbara em 2014. Foram eles que a contataram diretamente, mas depois recuaram com receio do impacto das notícias que saíram na semana em que iam chegar a um acordo. As pessoas das marcas deixaram de querer ter a Bárbara associada à sua imagem”, revelou.
Assumindo em tribunal que a cliente “já não tem o brilho e a energia que teve no passado” e ainda que “o volume de trabalho diminuiu drasticamente”, Inês Mendes Silva acabaria, meses depois, por desistir de procurar trabalho para a ainda estrela dos canais de Carnaxide, abandonando a cliente.