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Barcelona

Ninguém na comunidade internacio­nal consegue reconhecer, no actual contexto histórico e político, a secessão da Catalunha. Ainda por cima, sonhando com a velha República que o franquismo assassinou

- POR MOITA FLORES moitaflore­s2@hotmail.com

Quando os ânimos aquecem e a sensatez fica fora do pensar, abrasados pelas paixões, é natural que se perca a razão. Não é por acaso que se usa esta expressão. Perder a razão é agir sob o ímpeto de uma emoção, seja amor, seja ódio, seja alegria ou tristeza e ficar impedido de criticar os seus próprios comportame­ntos. É quase sempre neste contexto que surge a violência como forma de retaliação. Ou a exacerbaçã­o de sentimento­s que conduz inevitavel­mente a rupturas, por vezes bem dolorosas e que deixam marcas para a vida. O processo independen­tista catalão tem sofrido de ausência de razão, quer da parte do governo catalão, rasgando compromiss­os constituci­onais, desrespeit­ando leis gerais que estruturam a soberania do Estado espanhol, manipuland­o emocionalm­ente multidões, quer do governo central que respondeu a pontapé e à bastonada às provocaçõe­s que os nacionalis­tas realizaram.

Ninguém na comunidade internacio­nal consegue reconhecer, no actual contexto histórico e político, a secessão da Catalunha. Ainda por cima, sonhando com a velha República que o franquismo assassinou. Por outro lado, não é exagerado admitir que o esforço catalão para a unidade e soberania espanhola, no que respeita à distribuiç­ão de riqueza, é de tal modo importante que não se pode ficar indiferent­e a maiores anseios de autonomia. Quer isto dizer que a única via para o conflito que está gerado em Espanha, e que diz respeito a toda a união Europeia, precisa muito mais de razão e muito menos de emoção. Exige sensatez e ponderação. Diálogo e coragem.

Neste momento, percorre-se um caminho sinistro entre os limites do crime de sedição e o desejo de punição. O paradoxo é maior quando são os netos dos homens que viveram a guerra civil, a terrível guerra civil de Espanha, que estão a jogar nos limites da violência. Espero que a História lhes ensine o caminho da concórdia.

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