TV Guia

Da pobreza à GLÓRIA

Recusa ser comparado a Tony Carreira e explica as razões. Vive entre Paris e o Algarve, mas tem público fiel em Portugal, que encheu o Coliseu do Porto

- TEXTO ISABEL LARANJO I FOTOS IVO RAINHO PEREIRA

OCarnaval é das alturas mais especiais do ano para Luís Filipe Reis. É que foi numa terça-feira Gorda que, garoto de sete anos, se aventurou a subir ao palco do cineclube da Guarda, para cantar um tema de José Cid. A festa tinha sido organizada pela escola e o miúdo, de origens humildes e inspirado na alegria contagiant­e dos amigos ciganos, ganhou coração e soltou a voz. “Sou um autodidact­a que nasci com esse dom da música e da voz que Deus me deu, até chegar onde cheguei sozinho, sem máquina. A minha máquina sou eu. É Deus que me dá as ideias e as pessoas que me ajudam nos espectácul­os, porque nunca tive padrinhos”, garante à TV Guia o cantor que no sábado, 3 de Fevereiro, esgotou o Coliseu do Porto.

Mas se, hoje, enche coliseus e o Olympia de Paris, seu grande orgulho, em criança era nas caixas de papelão dos companheir­os ciganos que dava os primeiros toques de baterista. Agora é exímio nesse instrument­o musical e chegou a dar aulas de bateria, em França, país que o acolheu há quase 30 anos. Foi à margem do espectácul­o do Coliseu do Porto que o artista falou com a TV Guia sobre vários aspectos da sua vida. Todos, menos um: a família. Prefere manter segredo e há apenas uma pessoa que não se cansa de referir, a mãe. “Foi com ela que escrevi o meu primeiro sucesso, o Olé de Cigano, que foi o tema que me deu projecção. Ali sentados, à porta de casa, uma casa muito pequenina, na Rua do Amparo, na Guarda. Um sítio pobre mas muito típico da cidade”, recorda, em lágrimas nos olhos. Hoje em dia, divide o tempo entre Paris e o

Algarve, que escolheu para construir casa. Algo bem diferente do que acontece com a maioria dos emigrantes, que prefere montar casa na terra de origem. “Tenho lá os meus irmãos, primos. Mas não tenho quem eu mais gostaria: os meus queridos pais!”

“TONY CARREIRA? EU FAÇO ORIGINAIS”

Luís Filipe Reis recorda o dia em que chegou a França, depois de ter sido convidado por um amigo, que tocava numa aldeia perto da Guarda. “Quando cheguei, ele não estava. E eu não tinha nada, nem para comer, nem para dormir. Foi então que Deus me deu uma luz e me incentivou a lutar. Nunca mais parei.” O cantor sempre viveu da música. “Dei aulas de bateria, ensinei um grupo musical a fazer os bailaricos, iam-me pagando a pouco e pouco. Nunca nada é fácil. Há altos e baixos.”

Luís Filipe Reis recusa comparaçõe­s com Tony Carreira. “Não quero ser comparado ao Tony. Eu faço originais, é trabalhado a pulso.” E vai mais longe: “Não tinha necessidad­e, ele e Ricardo Landum, de terem ido por aquele caminho. É muito mais fácil pegar numa coisa que está feita e cantar. É só o que digo.” Ainda assim, deixa elogios ao colega. “Sabe trabalhar em marketing, montou uma grande máquina, tem o seu timbre, tem a sua forma de cantar, tem jeito no que canta, sabe e criou o seu nome e tem as suas fãs, que gostam dele.”

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a mãe antes de subir ao palco
para cantar.
É o próprio artista que escolhe
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Luís Filipe Reis reza e fala com a mãe antes de subir ao palco para cantar. É o próprio artista que escolhe as roupas.
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No fim do concerto, o cantor ficou várias horas a dar autógrafos.
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