Juntas na DOR
A cantora enfrenta o cancro pela segunda vez. Os tratamentos estão longe de terminar e o pai não consegue vê-la careca. O filho, Robin, de 10 anos, só consegue adormecer de mão dada com a artista, que agradece todo o carinho de Cristina Ferreira. Ágata
Há oito anos, Rebeca recebia a notícia que ninguém quer receber: tinha cancro. O mal instalou-se na tiróide, mas foi facilmente tratado. “Não é tão grave. Foi tirado e ficou sarado”, explica o pai, Joaquim Henriques, que também é o produtor musical da artista.
Desta vez, o abalo foi maior e aconteceu em pleno Verão, altura forte dos espectáculos dos artistas que percorrem todo o Portugal levando a alegria da sua música aos emigrantes que vêm de férias e aos residentes, ansiosos pela data da festa da terra. “Descobri num final de tarde tranquila, no shopping, depois da azáfama dos concertos de Verão”, conta Rebeca, à TV Guia. Tinha tirado uns dias só para estar com os seus, o companheiro, Élio, e o filho, de 10 anos, Robin. “Decidimos passar uns dias no Algarve para descansar. Toquei sem querer na mama e apercebi- me de um nódulo diferente. Achei logo, de imediato, que não fazia parte do meu corpo”, recorda, entristecida. Foi ao médico, que não fez um diagnóstico imediato. “Tinha feito a última mamografia há cinco meses e estava tudo bem.”
“FIQUEI EM PÂNICO”
Mais tarde, confirmou-se, de novo, a pior notícia de todas. “Disse-me que era mesmo mau, que era cancro.” Foram instantes terríveis. “É claro que é uma sensação horrível, muito difícil mesmo. Já tinha passado por um cancro na tiróide tão nova, agora aparecer, oito anos depois, um novo num sítio tão delicado para uma mulher, fiquei em pânico!” Enfrentou
esses primeiros instantes sozinha: “Sem saber o que dizer à família, sem saber o que seria de mim daqui para a frente...”, confidencia à nossa revista, em exclusivo.
Para os pais da cantora, Joaquim e Maria Helena, foi um choque muito forte. “Nós, pais, nem sei como responder. Foi como se me tivesse caído uma parede em cima”, confessa o progenitor da cantora. A mãe, Maria Helena, “é mais forte, mais optimista, mas há dias em que a nossa filha é que nos dá ânimo, apesar da doença.”
Joaquim Henriques ainda não consegue ver a filha sem cabelo. “Fui a única pessoa da família que não foi com ela, quando foi cortar o cabelo. Até fizeram um vídeo, uma recordação triste, e até hoje não consegui ver. Agora está diferente, porque já começa a ver-se o cabelinho preto, na raiz, já está a crescer. É muito difícil”, emociona-se.
FILHO NO PSICÓLOGO
O filho de Rebeca também sofreu bastante com esta situação. Da primeira vez, o menino tinha dois anos e não entendia que a mãe estava doente. Agora, com 10, “sabe de tudo”. “Ouve-nos falar”, explica o avô Joaquim. “O meu neto teve que ir para o psicólogo, onde continua, e só consegue adormecer de mão dada com a mãe.” Joaquim tenta acalmar o menino. “Ainda hoje [quarta, 7 de Fevereiro] fui buscá-lo à escola e a mãe ti-
“Avô, até arrepia”,
confidenciou o filho da cantora, Robin, de 10 anos, ao
pai de Rebeca
nha-lhe lido o depoimento que ele deu para uma revista. E ele disse: ‘Avô, até arrepia!’ Eu desviei o assunto, disse-lhe para não ser medroso, que ia ficar tudo bem. Mas até para uma criança é uma dor horrível”, sustenta Joaquim Henriques.
A doença foi descoberta em Agosto do ano passado. “A minha filha foi operada em Setembro e ainda fez os concertos todos. Eu via-a a rir-se para o público, mas sentia na minha filha que havia alturas em que ela precisava de ter dois palitos na boca para segurar aquele sorriso”, comove-se o pai da cantora. Os tratamentos estão longe do fim. “Agora, a minha filha está a fazer quimioterapia até Abril. Depois, em Junho, começa a radioterapia. Mais tarde, tem de fazer hormonoterapia e faz exames de três em três meses.” Certo é que, sempre que sai dos tratamentos, “ela passa muito mal.”
“BEBÉ ASSASSINO” NO CORPO
A cantora explica como tem vivido com os tratamentos. “Desta vez, é um tumor mais agressivo [do que o que teve na tiróide] e, dado a minha idade, farei todos os tratamentos possíveis para prevenir: quimioterapia, radioterapia, hormonoterapia e terapia alvo.” Não houve necessidade de retirar a mama. “Tinha um tumor hormonal HER 2+ da mama. Fiz a cirurgia 12 dias depois de o descobrir e removi o tumor por completo. Era bastante agressivo. Os médicos diziam-me: ‘Tem um bebé assassino dentro do seu corpo.’ Não houve necessidade da mastectomia, mas, se fosse necessário, não olhava para trás, o que me interessa aqui é a cura.”
Apesar dos momentos dramáticos, Rebeca conseguiu sempre ir buscar forças e até gravou o seu novo disco, Preciosa. “A minha filha quis dar este nome ao disco, por causa da vida, a vida é preciosa. E também celebra os 20 anos de carreira”, conta Joaquim Henriques. A cantora avança: “Acho que Deus tem tido muitas tarefas e se tem esquecido de mim nos últimos tempos. Por isso, o que me fortalece é o meu filho. Ele é o meu Deus verdadeiro, aquele que vejo todos os dias a sorrir para mim, aquele que sinto, que apalpo”, sorri. O futuro vê-o com esperança e força. “Ainda a fazer quimioterapia, e com muitas dificuldades pelos efeitos colaterais, mas consegui o que queria [gravar novo disco]. Agora é muito importante para mim, para a minha recuperação, subir ao palco novamente. No dia 16 de Fevereiro, apresento o novo CD no Você na TV! e vou começar a tournée de 2018 que já está preenchidíssima.” Joaquim Henriques reforça que a filha só revelou ter, de novo, a doença “para passar uma mensagem de esperança a outras pessoas quesoframdecancro”.ÀTVGuia, Rebeca também reforçou essa ideia e manda um recado a todos os pacientes: “Tenham força, tenham fé naquilo que quiserem, mas tenham. Cabeça erguida, com ou sem cabelo, não interessa...”
“Tenham força, tenham fé. Cabeça erguida, com ou sem cabelo, não interessa...”
Rebeca
O MIMO DE CRISTINA E ÁGATA
Cristina Ferreira foi a escolhida por Rebeca para dar a notícia. “Conhecemos a Cristina há muitos anos e é
uma grande mulher”, advoga Joaquim Henriques. No Você na TV! Cristina Ferreira contou o que sentiu, quando, ao abrir o e-mail, viu a mensagem da cantora. “Só me lembrava dos longos cabelos da Rebeca, que são imagem de marca, e de como ela, feliz, contava como tinha ultrapassado um cancro na tiróide. De repente, quando começo a ler o e-mail, contava-me que tinha cancro outra vez”, afirmou Cristina, em lágrimas. A apresentadora entrevistou Rebeca. “Quando cheguei, ela já lá estava, a tirar foto. Entro e ela diz-me: ‘Ai, vais ver-me assim!’ Disse-lhe que estava lindíssima, mas não vale a pena, porque as pessoas não se sentem lindíssimas. Quando olhamos para uma cara assim, sabemos que aquela pessoa tem cancro”. A estrela da TVI dá ainda conta da coragem de Rebeca. “A Rebeca nunca tinha tirado a peruca. O pai nunca a viu careca. E, depois de ver as fotos, disse: ‘Quero fazer a entrevista assim’.” Rebeca, por sua vez, retribuiu “todo a amizade, carinho e respeito”, de Cristina Ferreira. Em Chaves, quem também está preocupada e a apoiar Rebeca é a cantora Ágata. “Sou madrinha dela…”, começa por comentar, com a voz triste. “É uma situação complicada. Mas a Rebeca já passou por muito na vida. Por isso, julgo que ela tem força suficiente para ultrapassar este momento difícil.”
A cantora está a fazer tratamentos num hospital público de Lisboa, apesar de residir na região Oeste. Por isso, além do mal estar provocado pela quimioterapia, tem ainda de enfrentar a viagem, três vezes por semana, de ida e volta. “Mas, se Deus quiser, tudo isto vai ser superado comforça. É complicado, mas vamos ter fé”, remata o pai da cantora, Joaquim.
“É uma situação muito complicada. Mas a Rebeca tem força suficiente para
ultrapassar este momento” Ágata