“Masturbação? O DESGASTE É MAIOR”
O antigo camisola 10 da Selecção está contra a mulher de Rui Patrício e explica as razões. O que aprendeu no FC Porto, afinal, serviu-lhe para a vida toda... ele que, no Mundial do México, arranjou uma namorada ao fim de 15 dias
“Nunca fui um santo... No Mundial do México, participei em algumas brincadeiras, mas sempre depois dos jogos ”
Neste século de tantas transformações, fortemente marcado pela influência das redes sociais, responsáveis, também, por forte influência negativa no tema que domina esta conversa, falar de sexo, felizmente, deixou de ser tabu. Hoje, o assunto é ensinado e discutido nas escolas. E, também, no mundo altamente profissionalizado comoéo do futebol já são muitos aqueles que falam abertamente de sexo. Como é caso do desassombrado Paulo Futre, antigo grande futebolista que viveu em Saltillo, em 1984, algumas situações que naquela altura eram consideradas como violação de regras que no presente deixaram de ser sagradas. No analisar de múltiplas questões, viajamos de Saltillo à Rússia, falamos de sexo nos dias de folga, daqueles que são contra a sua prática, porque de atletas de alta competição se trata, analisamos uma opinião da sexóloga Vera Ribeiro, companheira e mãe dos dois filhos de Rui Patrício, defensora da masturbação em alternativa ao sexo( ver pág .119), da libido, queéo mesmo que impulso sexual, e da confusão que abalou a seleção mexicana. Antes de abordarmos o tema principal da nossa entrevista, não posso deixar de perguntar: ficas nostálgico quando se aproxima uma competição como o Mundial?
Uns dias antes, começa a entranhar-se em mim uma sensação estranha. E quando ouço o hino antes dos nossos jogos... éomom entoem quedava tudo para voltar a estar lá dentro. Embora, confesso, psicologicamente me tenha preparado para o adeus à Selecção com o que se passou no Liechtenstein (ver caixa). Mas aquela sensação regressa sempre nestas alturas, e quando o Atlético Madrid defronta o Real Madrid. A saudade é forte. Depois de Saltillo, alguma vez te passou pela cabeça que seria aquela a única grande competição em que participarias?
Nunca, nunca. O auge da minha carreira foi entre os 20 e os 27 anos, período em que vivi a transição das grandes equipas dos anos 80 e a chegada da denominada “geração de ouro”. Porém, a juntar aos dois anos em que não joguei por estar solidário com os meus companheiros que foram banidos no pós-Saltillo, o calvário das lesões deitou tudo a perder. Carlos Queiroz ainda apostou em mim, mas o facto de só se apurar uma Selecção... Em 90 perdemos para a Holanda, em 94 para a Itália. Mas, muitas vezes, disse para mim: Portugal vai jogar o Mundial e eu vou lá estar. Não estive. Foi o México’84 e ponto final.
NAMORADA MEXICANA 15 DIAS DEPOIS
Em Saltillo, tinhas 20 anos. Eras solteiro e o “caçula” da equipa... São de imaginar as solicitações e, porque não dizê-lo, as escapadinhas...
Nunca fui um santo, mas considero ter sido um grande profissional. Sim, no México participei em algumas brincadeiras, mas sempre depois dos jogos. Nós estivemos 52 dias no México e 15 dias depois de lá chegar já tinha uma namorada. Conhecia-a numa festa que fizeram para a equipa e... já está. Só que eu, já nessa altura, era a favor de que, nas grandes competições, as mulheres e namoradas dos jogadores deviam estar por perto. Num outro hotel, mas por perto. Um jogador só chega a uma prova destas pela sua regularidade ao longo da época. Então, porque impedi-lo de manter os hábitos, também no plano sexual?
Portanto, sexo nas grandes competições?
Sempre fui a favor de que os jogadores não devem fugir dos hábitos assimilados, mesmo no plano sexual, nas provas com muitos dias. Porquê mudar? Se estão habituados...
O LIVRINHO DE RUI PATRÍCIO
E quando a libido dá sinal e não há condições de haver sexo? Defendes a masturbação?
Acho que resolver o problema dessa maneira é pior. O desgaste é maior e
não é bom para os jogadores.
Como foste resolvendo essa “dificuldade” ao longo da tua carreira?
Já te disse que sempre fui um grande profissional e quem me ensinou esses passos foi o FC Porto: não há sexo dois dias antes dos jogos. A partir daí é uma questão de mentalização. E entre domingo e quinta-feira há tempo suficiente para que nos possamos satisfazer.
A dr.ª Vera Ribeiro, sexóloga e companheira de Rui Patrício, defendeu recentemente que a masturbação é uma boa solução para fazer baixar os índices de adrenalina...
Eu nunca fui a favor... Respeito a posição de quem sabe muito, seguramente, sobre o assunto, mas os ensinamentos recibos no FC Porto... Não faço ideia se o Rui levou algum livrinho com indicações da sua companheira. O que espero é que o casal possa dispor de tempo suficiente no decurso do normal para dar espaço às suas rotinas.
CALDEIRADA À MEXICANA
Regressemos ao México. Confirmas que as mulheres são diferentes das europeias, por exemplo?
Há mulheres bonitas e sensuais em qualquer parte, mas a mulher mexicana é, no geral, muito bonita... e ardente.
Então entendes o que se passou com alguns jogadores da Selevção... O mais estranho para mim nesta história que envolveu duas dezenas de acompanhantes é que se já no meu tempo, sem redes sociais, era um perigo, que dizer agora que há tudo a multiplicar por 100? Fazer uma festa daquelas com tal gente só podia mesmo dar caldeirada. A federação esteve bem ao não se meter, pois a festa aconteceu numa folga, mas foi uma grande confusão, especialmente para os casados.
No caso de Herrera, o jogador veio a Portugal dar explicações à mulher... Espero que tenha superado o problema e se teve que pedir desculpa... Por isso, digo o que sempre disse: as mulheres e namoradas devem estar por perto dos jogadores. Porquê quebrar os hábitos?
“Não há sexo dois dias antes dos jogos. Entre domingo e quinta-feira há tempo suficiente para que nos possamos satisfazer”