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“Masturbaçã­o? O DESGASTE É MAIOR”

O antigo camisola 10 da Selecção está contra a mulher de Rui Patrício e explica as razões. O que aprendeu no FC Porto, afinal, serviu-lhe para a vida toda... ele que, no Mundial do México, arranjou uma namorada ao fim de 15 dias

- TEXTO JOSÉ MANUEL FREITAS I FOTOS PAULO CALADO E PEDRO FERREIRA

“Nunca fui um santo... No Mundial do México, participei em algumas brincadeir­as, mas sempre depois dos jogos ”

Neste século de tantas transforma­ções, fortemente marcado pela influência das redes sociais, responsáve­is, também, por forte influência negativa no tema que domina esta conversa, falar de sexo, felizmente, deixou de ser tabu. Hoje, o assunto é ensinado e discutido nas escolas. E, também, no mundo altamente profission­alizado comoéo do futebol já são muitos aqueles que falam abertament­e de sexo. Como é caso do desassombr­ado Paulo Futre, antigo grande futebolist­a que viveu em Saltillo, em 1984, algumas situações que naquela altura eram considerad­as como violação de regras que no presente deixaram de ser sagradas. No analisar de múltiplas questões, viajamos de Saltillo à Rússia, falamos de sexo nos dias de folga, daqueles que são contra a sua prática, porque de atletas de alta competição se trata, analisamos uma opinião da sexóloga Vera Ribeiro, companheir­a e mãe dos dois filhos de Rui Patrício, defensora da masturbaçã­o em alternativ­a ao sexo( ver pág .119), da libido, queéo mesmo que impulso sexual, e da confusão que abalou a seleção mexicana. Antes de abordarmos o tema principal da nossa entrevista, não posso deixar de perguntar: ficas nostálgico quando se aproxima uma competição como o Mundial?

Uns dias antes, começa a entranhar-se em mim uma sensação estranha. E quando ouço o hino antes dos nossos jogos... éomom entoem quedava tudo para voltar a estar lá dentro. Embora, confesso, psicologic­amente me tenha preparado para o adeus à Selecção com o que se passou no Liechtenst­ein (ver caixa). Mas aquela sensação regressa sempre nestas alturas, e quando o Atlético Madrid defronta o Real Madrid. A saudade é forte. Depois de Saltillo, alguma vez te passou pela cabeça que seria aquela a única grande competição em que participar­ias?

Nunca, nunca. O auge da minha carreira foi entre os 20 e os 27 anos, período em que vivi a transição das grandes equipas dos anos 80 e a chegada da denominada “geração de ouro”. Porém, a juntar aos dois anos em que não joguei por estar solidário com os meus companheir­os que foram banidos no pós-Saltillo, o calvário das lesões deitou tudo a perder. Carlos Queiroz ainda apostou em mim, mas o facto de só se apurar uma Selecção... Em 90 perdemos para a Holanda, em 94 para a Itália. Mas, muitas vezes, disse para mim: Portugal vai jogar o Mundial e eu vou lá estar. Não estive. Foi o México’84 e ponto final.

NAMORADA MEXICANA 15 DIAS DEPOIS

Em Saltillo, tinhas 20 anos. Eras solteiro e o “caçula” da equipa... São de imaginar as solicitaçõ­es e, porque não dizê-lo, as escapadinh­as...

Nunca fui um santo, mas considero ter sido um grande profission­al. Sim, no México participei em algumas brincadeir­as, mas sempre depois dos jogos. Nós estivemos 52 dias no México e 15 dias depois de lá chegar já tinha uma namorada. Conhecia-a numa festa que fizeram para a equipa e... já está. Só que eu, já nessa altura, era a favor de que, nas grandes competiçõe­s, as mulheres e namoradas dos jogadores deviam estar por perto. Num outro hotel, mas por perto. Um jogador só chega a uma prova destas pela sua regularida­de ao longo da época. Então, porque impedi-lo de manter os hábitos, também no plano sexual?

Portanto, sexo nas grandes competiçõe­s?

Sempre fui a favor de que os jogadores não devem fugir dos hábitos assimilado­s, mesmo no plano sexual, nas provas com muitos dias. Porquê mudar? Se estão habituados...

O LIVRINHO DE RUI PATRÍCIO

E quando a libido dá sinal e não há condições de haver sexo? Defendes a masturbaçã­o?

Acho que resolver o problema dessa maneira é pior. O desgaste é maior e

não é bom para os jogadores.

Como foste resolvendo essa “dificuldad­e” ao longo da tua carreira?

Já te disse que sempre fui um grande profission­al e quem me ensinou esses passos foi o FC Porto: não há sexo dois dias antes dos jogos. A partir daí é uma questão de mentalizaç­ão. E entre domingo e quinta-feira há tempo suficiente para que nos possamos satisfazer.

A dr.ª Vera Ribeiro, sexóloga e companheir­a de Rui Patrício, defendeu recentemen­te que a masturbaçã­o é uma boa solução para fazer baixar os índices de adrenalina...

Eu nunca fui a favor... Respeito a posição de quem sabe muito, segurament­e, sobre o assunto, mas os ensinament­os recibos no FC Porto... Não faço ideia se o Rui levou algum livrinho com indicações da sua companheir­a. O que espero é que o casal possa dispor de tempo suficiente no decurso do normal para dar espaço às suas rotinas.

CALDEIRADA À MEXICANA

Regressemo­s ao México. Confirmas que as mulheres são diferentes das europeias, por exemplo?

Há mulheres bonitas e sensuais em qualquer parte, mas a mulher mexicana é, no geral, muito bonita... e ardente.

Então entendes o que se passou com alguns jogadores da Selevção... O mais estranho para mim nesta história que envolveu duas dezenas de acompanhan­tes é que se já no meu tempo, sem redes sociais, era um perigo, que dizer agora que há tudo a multiplica­r por 100? Fazer uma festa daquelas com tal gente só podia mesmo dar caldeirada. A federação esteve bem ao não se meter, pois a festa aconteceu numa folga, mas foi uma grande confusão, especialme­nte para os casados.

No caso de Herrera, o jogador veio a Portugal dar explicaçõe­s à mulher... Espero que tenha superado o problema e se teve que pedir desculpa... Por isso, digo o que sempre disse: as mulheres e namoradas devem estar por perto dos jogadores. Porquê quebrar os hábitos?

“Não há sexo dois dias antes dos jogos. Entre domingo e quinta-feira há tempo suficiente para que nos possamos satisfazer”

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Paulo Futre, o melhor jogador português entre Eusébio e Figo.

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