Abandono, fome e VIOLÊNCIA “veio revoltado da guerra”
Criada só pela mãe, nunca sentiu o carinho do pai. Não tinha o que comer, foi internada num orfanato e, mais tarde, sofreu em silêncio, no casamento. Dinis Aveiro era bom marido, mas
Uma história de luta e superação. Assim é a vida de Dolores Aveiro, 63 anos de idade, a maior parte deles bastante sofrida. A mãe, bordadeira, foi a grande responsável pela educação dos oito filhos, mas partiu com apenas 37 anos de idade. Dolores tinha apenas 6 e havia ainda um irmão bebé, de 9 meses. Mas esses primeiros 6 anos de vida haviam de a marcar, para sempre. Do pai, tem lembranças amargas. “O meu pai sempre foi uma pessoa que bebia e não tinha responsabilidade nenhuma”, descreve a mãe de Cristiano Ronaldo, em entrevista a Cristina Ferreira. Em criança, assume que chegou a passar fome. “Era pobreza, mesmo. Eram os vizinhos que ajudavam a minha mãe e lhe davam um prato de comida. A minha mãe dividia por todos e, muitas vezes, deitava-se sem comer.”
Assim que a mãe morreu, Dolores e os irmãos tiveram como destino um orfanato. Dolores fugiu, aos 12 anos, para casa do pai. “Pensei que ia ser melhor, mas foi um inferno.” A pobreza e o preconceito impediu-a de estudar. “Tenho a 3.ª classe. Passei para a 4.ª classe, mas o meu pai tirou-me da escola, porque o lugar das meninas era em casa. Os homens é que andavam na rua.”
PAIXÃO COM FINAL TRISTE
Foi a jovem Dolores que, com 18 anos, se apaixonou por Dinis, que haveria de ser seu marido, até que a morte os separou, e pai dos seus quatro filhos. “Sentia-me apaixonada por ele, mas ele não me passava cartão.” Até que passou. Casaram-se
e veio logo o primeiro filho: Hugo. Só que a Guerra do Ultramar roubou-lhe o homem que conhecia. “Quando veio do Ultramar, veio revoltado. E com essa revolta que ele trazia, maltratava-me muito.” Dinis começou a beber. A vida do casal degradava-se, mas Dolores garante: “Era um bom pai para os filhos.”
Quando engravidou de Ronaldo, por falta de condições, tentou abortar. Felizmente, sem sucesso. Quando o bebé nasceu, o médico traçou-lhe o destino: “Ele tem pés de jogador.” E assim é: o melhor do mundo!