Ele avisou que se MATARIA
Nas entrevistas que deu, falou na sua morte, em sentimentos de culpa, em sofrimento. Só a filha o segurava à vida. Não foi suficiente
Tinha dito que morreria a trabalhar e por isso traçou o seu destino. Anthony Bourdain, 61 anos de idade, pôs termo à vida, enforcando-se com o cinto do roupão de banho, na madrugada de sexta-feira, 8, num quarto do Hotel Le Chambard, na localidade de Colmar, Alsácia, França. O crítico e cozinheiro já tinha admitido a hipótese de se suicidar “após ver tudo” o que já havia “feito na vida”, mas nunca ninguém valorizou as suas palavras.
Em outras entrevistas, Bourdain já tinha alertado para o facto de que o principal motivo que o mantinha vivo era a filha, Ariana, de 11 anos, insistindo, nas conversas mais recentes com jornalistas, em destacar os aspectos mais sombrios da sua vida, assumindo em especial a culpa pela forma como tratou alguns concorrentes dos seus programas e relembrando as suas experiências com drogas, em especial com a adição de heroína, reiterando ainda ser “demasiado neurótico”.
AVENTUREIRO E DEFENSOR DE CAUSAS
O nova-iorquino defensor de causas fracturantes, como os imigrantes ou as populações marginalizadas, abraçou recentemente a luta das mulheres contra os abusos sexuais – principalmente desde que a sua última namorada, a actriz Ásia Argento, denunciou abusos sexuais em Hollywood (ver caixa). O cheffalido que se tornou estrela planetária com os seus programas televisivos de viagens pelas cozinhas do mundo, terminou a sua caminhada global na Alsácia, onde filmava novo episódio de PartsUnknown, CNN, programa que já ia na sétima temporada.