“Não chegava a certas PARTES DO CORPO”
O actor ponderou muito antes da decisão. Com um estômago mais pequeno, emagreceu 28 quilos e come de tudo, mas em pequenas quantidades. E se antes não conseguia apertar os sapatos, agora garante: “Já consigo tomar banho como as outras pessoas!” Revela, ai
Já tem o peso certo? Não sei! Isto é um tipo de operação que não se sabe quanto peso se pode perder. Gostaria de não perder muito. Mas tenho de aguentar, controlar... Se chegar aos 85, fico contente, para depois poder ir aos 90. Porque eu não quero ser magro! Não quero é ser o gordo que era. Quantos quilos já perdeu? Em cinco meses, vai fazer agora, perdi 28 quilos. Porque é que decidiu fazer esta operação de redução do estômago? Acho que foi a opção mais difícil da minha vida. Emagrecer, depois de 347 dietas que fiz, cheguei à conclusão que não ia lá.
Como é que foi essa tomada de decisão? Aconselhei-me com todos os meus médicos e todos me disseram que era o melhor que eu podia fazer. Claro que foi uma opção difícil de tomar, mas foi a opção certa.
Portanto, retirou mesmo uma parte do estômago?
Sim, cortei mesmo o estômago.
E sente-se melhor?
É incomparável. Eu sofria um bocado. Era giro ser gordo, era muito engraçado ser o gordo simpático e bem-disposto, mas eu é que sei o cansaço que tinha. Dormia mal, hoje durmo muito bem. Tinha a tensão alta, hoje já não tomo comprimidos. E mexer-me.
Sim, disse uma vez à TV Guia que não conseguia apertar os sapatos.
Sim. E hoje já consigo, é porreiro. A tomar banho consigo lavar-me como as pessoas. Antigamente, não chegava a certas partes do corpo. E depois, era a respiração: eu subia quatro degraus e parece que tinha subido o elevador de Santa Justa.
Houve algum susto mais grave, de saúde, que o tenha levado a isto? Não, zero. Aliás, o giro é isso. As minhas análises estavam todas normais, para o peso que eu tinha. Mas pensei que era mesmo a altura certa, antes que me aparecesse qualquer coisa.
O que é que tinha medo, na operação? Não tinha medo nenhum! De resto, criei sempre aquela imagem do gordo e pensei se isto me afectaria a nível profissional. No entanto, quando fui para o teatro, era magrinho, tinha 60 quilos. E agora, antes disto, tinha 120! E com 1,60m ter 120 quilos, é um exagero muito grande. Agora, tenho 92,5 e sinto-me muito melhor, a respirar. Como é que foi o pós-operatório?
Foi óptimo! Não tive uma dor. No primeiro mês só podia consumir líquidos, e tinha, e tenho, de fazer seis ou sete refeições por dia. Nesse primeiro mês, o estômago está muito pequenino e está
“Pensei em vários casos: no meu pai, que morreu muito cedo, num amigo que morreu
com apneia, durante o sono”
cosido, por isso não dá para encher muito, porque pode rebentar.
E depois?
No segundo mês só se pode comer peixe ou carnes brancas. E ainda me lembro perfeitamente: era 90 gramas de peixe ou carne branca, 100 gramas de legumes e uma colher de sopa de arroz ou massa. Só isto, às refeições.
Como não cozinha, quem é que o ajudou com essa dieta?
Jantava sempre fora. Como janto e almoço sempre fora.
E em casa?
Levava muita comida, do restaurante, para casa. E tinha uma balança, que eu nem sabia que existia, punha o prato, aquecia no microondas, mas antes pesava. E é giro, porque continuo a ir aos mesmo restaurantes, mas como já sabem, já não me trazem o tacho para a mesa, como antigamente. Há uns dias fui ao Solar dos Presuntos, e o Pedro trouxe-me pires de coisinhas: por exemplo, um pires com três amêijoas, um pires de arroz, meio pires de carne (risos). Não lhe faz confusão ver os outros a comer tudo o que lhes apetece?
Ao princípio, sim, mas agora não. Como o mesmo, mas em quantidades mais reduzida. No entanto, não como assim tão pouco.
Por que é que não quer deixar de ser gordo?
É a minha imagem. Acho que continuo a ter as mesmas feições, a operação que fiz não me tirou, ainda, a parte redonda da cara. Mas é uma estupidez pensar assim. Vou deixar andar, com calma, e ver o que isto dá. Mas, por outro lado, quero ser um exemplo para todos os gordos: aliás, já consegui que cinco amigos também vão fazer a operação. E pensei em vários casos: no meu pai, que morreu muito cedo, num amigo que morreu com apneia, durante o sono… Apneia, não tem?
Nada! E agora fui fazer as análises e estou óptimo. Parecem de um gajo de 20 anos!
Não se importa que continuem a chamar-lhe “o gordo”?
Nada! Noto é um grande carinho das pessoas, por exemplo das que vão ao O Preço Certo, contentes que estão por terem percebido que eu tive cuidado com a saúde.
Sente-se melhor assim?
Sinto-me tão bem! Há coisas que nunca fiz e que faço: levanto-me cedo, respiro bem, até a falar articulo melhor as palavras. Deito-me cedo, à uma da manhã já estou a dormir, e por volta das nove e meia tomo o primeiro pequeno-almoço. E vou ao ginásio.
Todos os dias?
Todos os dias não, porque também é um exagero. O ginásio é mais por uma questão cardiovascular. Além disso, também não podia, porque tenho o espectáculo [Insónia], pelo País todo. Vai precisar de fazer alguma operação plástica por causa do excesso de pele? É possível, no futuro, por agora não. Mas também nunca me preocupei com a minha imagem na praia e não sei quê… Mas nunca será por uma questão de estética, mas sim por motivos de saúde. Sente-se mais atraente?
É engraçado que as miúdas, no Facebook, e mesmo n’O Preço Certo, dizem-me que estou um borracho! Eu como não saio muito, até agora ainda não percebi bem – nem estou interessado nisso – brinco com isso.
Nunca se viu o Fernando com uma namorada. Não há, ou há escondida? Não, não há.
Tem dois netos. Como é que é o Fernando Mendes avô?
É uma coisa tão engraçada! É giro ouvir chamar “avô”. É giro ver a evolução deles, de semana para semana, porque eles ainda são pequenos, têm 2 e 4 anos. Sinto-me bem sair de casa para ir ver os netos.
Tenta compensar nos netos o facto de ter sido um pai um bocadinho ausente?
Sim. A minha vida ocupa-me muito tempo. E nesta profissão tem de se
“Sim, O Preço Certo poderá acabar. Tenho contrato até 2019... Tive convites da TVI, mas o dinheiro não é tudo”
aproveitar as marés, nunca se sabe o dia de amanhã. Mas é muito engraçado, porque eles pedem-me para, na televisão, lhes mandar um beijinho. E eu, muitas vezes, mando!
Anda em digressão com a peça Insónia. Fale-me um bocadinho disso.
Foi um risco, porque quis fazer uma peça sozinho. Tem sido um sucesso muito grande. Trabalhar sozinho é difícil, mas pensava que fosse mais difícil. Quanto à história, é um gajo que é vendedor de vinhos, e que a mulher o deixa, porque o gajo passa a vida a trabalhar e nunca está em casa. E quando está em casa cheira a vinho. Então, sozinho tem de engomar, come salsichas porque não sabe cozinhar. Às vezes, não consegue dormir porque sente saudades da mulher em casa. E refugia-se na televisão. Acho que isto é o típico português que está separado.
A digressão vai até quando? Como estou sozinho, gostava de fazer, no mínimo, dois anos com esta digressão. Já temos 100 espectáculos marcados e vou estar em Lisboa, em Novembro, Dezembro e Janeiro, no Teatro Armando Cortez. Está a correr bem, a comédia é muito engraçada, e é o género que agora quero abraçar, a comédia.
O Preço Certo deixou de liderar, apesar de ter sido um autêntico fenómeno europeu, com o Fernando Mendes como apresentador. Acha que o programa tem um prazo de validade? Liderámos durante 11 anos, mas sou daquelas pessoas que fico contente quando os outros têm sucesso. Além disso, continua a ser o programa mais visto da RTP. Sabemos que a TVI é muito forte, a Cristina é muito forte, e eu não tenho de ficar triste.
Mas poderá acabar?
Sim, poderá. Já vou fazer 15 anos à frente do programa, tenho contrato até 2019. Mas é um programa que gosto muito, por mim estou confortável. Tive vários convites para ir para a TVI fazer um programa no mesmo horário, mas o dinheiro não é tudo na vida. Aqui estou bem, é para continuar. Quero dar os parabéns à Cristina Ferreira e também à CMTV, sem graxas, porque estão a subir, e bem! Agora, uma coisa é certa: quando O Preço Certo acabar, vou estar um ano sem fazer televisão, para limpar a imagem e a cabeça.