Paulo Coelho ASSUME-SE
Reconhece que todas as personagens, de quase todos os seus livros, tinham uns pós-autobiográficos. Em Hippie é ele: a 100 por cento
Oautor mais traduzido dos tempos modernos e o mais citado da actualidade por estadistas e cidadãos comuns, Paulo Coelho, garante que Hippie foi “o livro mais fácil de escrever” .E explica porquê: “Estava tudo cá dentro da cabeça.” Isso justifica que tenha jorrado prosa no computador e a tenha dado como pronta em apenas 27 dias. Paulo Coelho reconhece que a sua vida, acima de tudo a sua experiência de vida, está presente em todos os seus livros, em especial no Alquimista, Verónica e Diário de Um Mago , mas é em Hippie que o autor de best-sellers surge assumidamente como Paulo. “É tudo verdade, até a minha experiência de prisão, que não foi uma, mas três vezes. Nunca tinha
falado disso. Foi tão horrível ser preso. Fui preso inocente. Qual foi o meu crime? Umas músicas que fiz e que não entenderam na ditadura”, revela, numa entrevista ao comunicador Pedro Bial, da TV Globo.
“Senti o desejo de escrever este livro sobre a minha experiência hippie e contrapô-lo a este tempo em que estamos vivendo um fundamentalismo completo e um radicalismo total, dessa coisa horrorosa chamada anonimato em que se pode falar as barbaridades que se entender escondido atrás de um avatar”, relembra o escritor, ele que foi um dos maiores defensores da Internet: “Vejo tudo isto com tristeza. A Internet tornou-se um lugar distrópico.”